Na pandemia, algumas tendências que já começavam a impactar o agronegócio brasileiro se aceleraram e se intensificaram, entre elas: incertezas e volatilidades do mercado de produtos agropecuários, a necessidade de promover maior visibilidade e transparência nas cadeias de valor, inovação, digitalização e conectividade, ampliação de parcerias estratégicas, a mudança de hábitos de consumo e maior foco em responsabilidade social, ambiental e governança.

De acordo com a edição de 2022 da pesquisa CEO Survey, da PwC, o agronegócio brasileiro apresenta três preocupações principais. Em linha com o cenário descrito anteriormente, a primeira posição é ocupada pela volatilidade macroeconômica, seguida pelas mudanças climáticas e os riscos cibernéticos.

Esse cenário, repleto de riscos e mudanças, forçou o agronegócio a se reinventar rapidamente. Apesar deste contexto, o setor vem sendo bem-sucedido e desempenhando bem em diversas cadeias produtivas, se apresentando como um dos principais destaques da economia brasileira, já que representou 27,4% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2021, segundo dados do CEPEA/CNA.

No entanto, para seguir nessa trajetória, muitas empresas do setor ainda precisam estar atentas a diversos desafios. Entre os principais, podemos citar: questões de sucessão, recursos para viabilizar o plano estratégico da companhia, o surgimento de novas regulamentações globais como ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança), regulações sanitárias e de rastreabilidade. Além desses pontos, capital para ampliação de investimentos, mudanças de comportamento do consumidor, desafios tecnológicos e a concorrência com empresas de outros países.

Dessa maneira, algumas ações são importantes para conseguir manter o crescimento e impulsionar vantagens competitivas no agro. Destaque para a definição de um plano estruturado de sucessão e revisão da estrutura societária. Para se ter um panorama, segundo a Pesquisa Global sobre Empresas Familiares de 2021, da PwC, durante a pandemia, apesar do baixo progresso em fomentar procedimentos formais de governança, saltou de 21% para 24% o índice de companhias brasileiras – de diversos setores – que documentaram o planejamento de sucessão. No mundo, esse percentual foi de 30%, conforme a pesquisa.

Atenção à governança também se torna primordial, uma vez que essa oferece condições para a atuação dos gestores e protege os interesses dos investidores. Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), a governança é um conjunto de boas práticas de gestão, que convertem princípios em recomendações objetivas à empresa, a fim de preservar e otimizar o valor da organização, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua perenidade.

Ao estabelecer diretrizes de governança, é possível alcançar benefícios como a criação de controles e rotinas administrativas, maior eficácia nas tomadas de decisão, atração e retenção de profissionais qualificados e melhores condições para obtenção de recursos financeiros.

Fatores da história recente incentivaram o crescimento da adoção de estratégias de controle e governança nas empresas do agro brasileiro. No entanto, o que ainda se vê é que a adoção de mecanismos ainda é pouco desenvolvida no setor, sendo importante e necessário o seu incentivo.

O agronegócio brasileiro passa por transformações que exigem capacidade de adaptação. A governança corporativa permite o fortalecimento, por meio da construção de um planejamento estratégico apurado e de uma estrutura organizacional adequada para atrair novos investimentos. Somente essa profissionalização permitirá que as empresas do setor cresçam de forma sustentável e mantenham sua perenidade.