24/03/2021 - 12:56
O Diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirma que aguarda, “o quanto antes”, a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que o estudo clínico do soro contra a covid-19 seja iniciado. Na noite desta terça-feira, 23, foi enviada toda a documentação solicitada pela agência para que seja autorizado o início dos testes.
“Entramos com pedido de autorização para o estudo clínico há meses. Anvisa fez dois lotes de exigência e que nós protocolamos ontem (terça-feira à noite). Esperamos que isso seja apreciado o quanto antes pela Anvisa. O soro está pronto. Já faz um tempo que está pronto. Estamos com a linha de produção preparada para iniciar regularmente a produção do soro. Estudo clínico será feito inicialmente com pacientes imunosuprimidos e transplantados, principalmente transplantados de rins, em que a mortalidade pela infecção é altíssima. Estamos preparados para começar, a partir do momento que tivermos a aprovação da Anvisa”, afirmou.
Covas fez a declaração nesta quarta-feira, 24, ao lado do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), durante a liberação de mais 2,2 milhões de doses da vacina Coronavac para o Ministério da Saúde.
“Não podemos deixar de usar um recurso terapêutico tão importante, chamado de vacina instantânea. Não podemos deixar de usar no momento de gravidade que estamos vivenciando agora”, acrescentou.
Concentrado de anticorpos contra o novo coronavírus, o soro pode ser aplicado assim que o paciente apresentar manifestações clínicas da doença. “Já começa a ter resposta imune contra o vírus. Ela está com vírus circulando e quando injeta o soro, ele está carregado de anticorpos, e são esses anticorpos que vão combater o vírus”, explicou o diretor do Instituto Butantan.
O governador de São Paulo estima que a aprovação deveaocorrer até a próxima sexta-feira, 26. “O soro contribui, ao lado da vacinação com a vacina do Butantan, para salvar mais vidas”, afirmou Doria.
‘Kit intubação’
Com relação a todas as medicações, especialmente de “kit intubação”, o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, afirma que Estado investe para que não faltem medicamentos. “No sentido de que não ocorra desassistência, até pelo volume de pacientes que necessitam ser entubados. Nós nos antecipamos em duas frentes. Uma frente mudando protocolos que foram validados pela Sociedade Brasileira de Anestesiologia para que possamos usar outras medicações que funcionam tão bem quanto e estão disponíveis no mercado e, por outro lado, fizemos a aquisição desses medicamentos para ter margem maior de vários dias para assistir pacientes”, disse Gorinchteyn.
Para evitar desabastecimento de oxigênio, o governador João Doria afirma que na última segunda-feira, 22, realizou reunião com os principais fornecedores do produto. “Maiores fabricantes de oxigênio no Brasil e com empresas que poderiam ajudar a contribuir na disponibilização de mais oxigênio em novas usinas. Conseguimos o compromisso de dois maiores fabricantes, ao lado de outros fornecedores nacionais e multinacionais”, disse. O Estado de São Paulo também terá apoio de empresas para fazer a logística de distribuição.
O secretário de Saúde do Estado de São Paulo afirma que a preocupação passou a ser logística. “Municípios com menos de 10 mil habitantes e regiões distantes não dependem de tanques de oxigênio, caminhão vai e abastece por uma semana, eles precisam de cilindros de oxigênio. Muitas vezes o caminhão percorria 200 quilômetros, deixava os cilindros e no fim da tarde estava faltando oxigênio. Esse caminhão não tinha como voltar. Desta forma, essa estratégia visa fazer logística mais rápida de distribuição por meio de empresas privadas que farão a distribuição, recolhendo e trazendo de volta para serem envasados”, explica Gorinchteyn.
Criticas a Bolsonaro
Sobre reunião em Brasília nesta quarta-feira do presidente Jair Bolsonaro com ministros e governadores aliados para tratar de pacto nacional de combate à covid-19, a qual não foi convidado, Doria criticou o encontro. “Fazer um pacto de união nacional apenas com os que adulam e apoiam o presidente Bolsonaro não é um pacto é um jogo de cena e de jogo de cena eu não participo nem governadores que têm consciência da gravidade desse momento no País e avaliam que o presidente Jair Bolsonaro não foi só um negacionista desde o início da doença como não tem coordenação nacional nem por ele nem pelo Ministério da Saúde. Lamentamos que presidente ainda chame de pacto nacional, só se for pacto da morte ao propor cloroquina, ao não defender vacinas, ao não usar máscara e ao estimular aglomerações”, afirmou Doria. “Assim como fez no pronunciamento ontem (na terça-feira). Ali estava o retrato de um mentiroso”, acrescentou.
Entrega de vacinas
Com o novo carregamento, o total de imunizantes disponibilizado pelo instituto paulista ao Programa Nacional de Imunizações (PNI) chega a 27,8 milhões de doses desde o início das entregas, em 17 de janeiro. Até o fim de abril, o total de vacinas destinadas pelo Butantan ao País somará 46 milhões. O instituto ainda trabalha para entregar outras 54 milhões de doses até o dia 30 de agosto, totalizando 100 milhões de unidades.