São Paulo, 16 – O Ministério da Agricultura definiu o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) da cultura dos citros. Este é o primeiro zoneamento para a cultura dos citros que considera riscos climáticos de 20%, 30% e 40% para pomares em produção e para instalação de novas áreas e não somente a aptidão climática, como era feito anteriormente. A medida foi publicadas no Diário Oficial da União (DOU), de quarta-feira, 14, da quinta-feira, 15, por meio das Portarias de número 19 a 49.

A Pasta explica que o novo Zarc Citros abrange os grupos de laranja, lima, limão (lima-ácida Tahiti), tangerina e pomelo. Uma novidade é a sua ampliação para todo o território nacional contemplando frutos cítricos com diferentes ciclos produtivos – precoce, meia estação e tardio.

O pesquisador e agrônomo da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA) e coordenador do Zarc Citros Brasil, Maurício Coelho, diz que “existem diferenças de duração da fase de desenvolvimento de frutos de uma mesma variedade dependendo da região analisada, principalmente pelas diferenças na temperatura do ar nesse período. Isso explica a importância da abordagem realizada, com ciclos produtivos diferenciados. Então, temos laranjeiras precoces com 180 dias na Bahia, e as mesmas laranjeiras com 200, 220 dias ou mais em algumas regiões do sul do Brasil”.

Pela primeira vez, o estudo também leva em consideração riscos associados às fases de desenvolvimento de frutos, desde a floração, passando pela frutificação, até a colheita.

“A floração e o início de frutificação, por exemplo, é um período de maior sensibilidade da cultura. Temperaturas extremas, baixa umidade do ar e déficit de água no solo podem provocar queda excessiva de flores e frutos e possíveis perdas de produção, sendo elementos que devem ser considerados na avaliação de risco climático para a cultura”, observa Coelho.

Isso ocorre principalmente em regiões com forte indução floral pelo frio no inverno. Nesse ambiente, as florações anuais concentram-se nos meses de setembro a novembro, quando ainda há riscos elevados associados ao déficit de água no solo, temperaturas extremas superiores, baixa umidade relativa do ar e, no Sul do Brasil, algumas regiões com riscos de ocorrência de geadas (principalmente em setembro).

Além disso, os resultados do zoneamento mostraram que, predominantemente, houve limitações para produção relacionadas ao déficit hídrico, geralmente nas regiões dos biomas cerrados e caatinga, onde os riscos de mortalidade de plantas e perdas drásticas de produção são elevados.

O ministério explica no comunicado que o Zarc é um estudo agrometeorológico que indica os riscos climáticos para várias culturas agrícolas nas diferentes regiões do País. Ele é utilizado, por exemplo, por instituições financeiras para avaliação de crédito e seguro rural, uma vez que traz informações sobre as chances de sucesso de cada lavoura dependendo do local e da época em que for plantada.

Desde 2016, os riscos climáticos estão sendo publicados considerando-se três níveis de risco: 20%, 30% e 40%. “Esta é uma peculiaridade grande para fruteiras, visto que anteriormente havia apenas o indicativo de aptidão climática para o cultivo, como parâmetro para se definir o Zarc”, destaca Coelho.