Com o objetivo de digitalizar processos no campo, a BRF lançou nova funcionalidade para a Plataforma Digital Agro. O aplicativo, que já fornece informações sobre a granja do produtor integrado, agora também permite a negociação de grãos diretamente com a empresa. Um dos benefícios é a eliminação da burocracia, facilitando o contato e otimizando a comercialização. “É uma forma de fortalecer a conexão na cadeia de produção do campo à mesa e estar mais próximo de quem produz, agregando valor com tecnologia, informação e sustentabilidade”, disse Fábio Stumpf, diretor geral de Agropecuária da BRF.

Agtech
Investimentos à vista?

O agronegócio contribui com quase 27% do PIB brasileiro. Apesar da inquestionável relevância para a economia, os investimentos feitos nas agtechs não condizem com o tamanho do setor. Em 2020, as startups brasileiras que desenvolvem soluções para o campo receberam US$ 190 milhões. Para efeito de comparação, nos Estados Unidos os investimentos no mesmo segmento ultrapassaram US$ 13,2 bilhões, segundo relatório do fundo AgFunder. De acordo com a edição 2020/21 do levantamento Radar Agtech, mapeamento realizado pela Embrapa em parceria com a gestora SP Ventures e a consultoria Homo Ludens, a explicação para o cenário se dá pelo ecossistema inovador pouco desenvolvido, como afirmou Murilo Gonçalves, diretor ESG (ambiental, social e governança) e gerente de pipeline da SP Ventures. “Ainda não temos uma educação que fomente o empreendedorismo. Acredito que ao fortalecermos essa mentalidade, ampliaremos nossa capacidade e atrairemos investidores”, disse. Outro fator está relacionado às questões de sustentabilidade, já que as agtechs acabam pagando o pato diante das denúncias de crimes ambientais. “De maneira alguma elas são um impulsionador de más práticas, muito ao contrário. As soluções visam aumentar produtividade sem trazer malefícios para o meio ambiente”, afirmou. Gonçalves também aponta que boa parte dos investidores prefere apostar em agtechs internacionais, já que estas possuem fluxos de caixa maiores, mas há riscos envolvidos. “As características do território brasilerio são muito específicas, então a probabilidade da solução vir para o País e não funcionar é gigantesca. Isso é uma oportunidade para os empreendedores que conhecem o Brasil”, disse. Para Cleidson Dias, analista da Secretaria de Inovação e Negócios da Embrapa, o futuro será próspero, já que 90% dos investimentos de venture capital feitos na América Latina em 2020 foram destinados ao Brasil, segundo relatório da Crunchbase. “Os investimentos estão crescendo e vão continuar. Basta aproveitarmos as oportunidades”.

Conectividade
Dentro da porteira

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Com o objetivo de oferecer soluções integradas e completas alinhadas à agricultura 4.0, a Jacto lançou a Jacto Next. A nova área de negócios é responsável pela comercialização e entrega de serviços especializados dentro da porteira. Atualmente já são oferecidas soluções para cobertura de sinal de internet, instrumentação e conexão de máquinas multimarcas. Além de sensores, estações meteorológicas, drones, imagens de satélites e softwares para monitoramento e gestão das operações. Paralelamente, outros serviços estão em desenvolvimento, entre eles o de operações especiais com drones e veículos autônomos.

Marketplace
Cargas a bordo

Mesmo em um ano marcado por instabilidades, a Tmov, marketplace que conecta motoristas a cargas em tempo real, viu sua base de usuários mensalmente ativos crescer 150%. De janeiro a junho deste ano a plataforma aumentou seu faturamento em 96% em comparação com o mesmo período do ano passado, somando mais de R$ 600 milhões. Entre as funções oferecidas ao agronegócio estão gestão logística completa, gerenciamento de risco, meio de pagamento e serviços financeiros. O objetivo da empresa é se consolidar como a maior plataforma de frete de cargas do Brasil.

Fertilizantes
Precinho para o produtor

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Um cálculo do Cepea/Esalq (USP) mostra que os fertilizantes representam 30% dos custos dos agricultores de grãos. Para minimizar esses gastos, a agfintech LeveAgro, plataforma on-line de cotação e comercialização em tempo real de fertilizantes, permite a compra de produtos com preço médio 5% menor que o do mercado. “Avaliamos o crédito rapidamente e emitimos a CPR dentro da própria plataforma. O fertilizante sai direto da fábrica e vai para o produtor rural, reduzindo custos de logística e os intermediários na cadeia de suprimentos”, disse Eduardo Nunes, CEO da empresa.

Pecuária
“Mercado Livre” do boi

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A startup Central do Boi surgiu com um objetivo claro: facilitar a comercialização de bovinos, oferecendo um ambiente seguro para os pecuaristas. “Estudando o setor percebi que havia muita informalidade e muito espaço para desinformação”, disse o fundador, Matheus Mallmann. A oportunidade virou uma plataforma que permite que os produtores façam ofertas de venda ou de compra e acompanhem os preços do mercado. A startup inaugurou sua operação no Rio Grande do Sul e a expectativa é consolidar a presença no estado antes de entrar em outros mercados do País.

Cafeicultura
Certificação digital

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Diante das pressões por ESG (ambiental, social e governança) no campo, as certificações se tornam aliadas dos produtores. Para agilizar o processo e reduzir custos, a startup CertifiCafé lançou uma tecnologia que analisa dados das propriedades cafeeiras e determina as adequações necessárias para a obtenção de selos, entre eles o internacional Rainforest Alliance. “O aplicativo elimina a necessidade do produtor ter que manter tudo em papel e, ainda, reduz riscos de investir em adequações erradas”, disse Mauro Júnior, CEO da startup.

Aporte
Agtechs na mira

Fotokostic

De olho no potencial do agronegócio nacional, a Bossanova Investimentos – fundo de venture capital que faz aportes em startups em estágio inicial com atuação no Brasil – busca soluções inovadoras no setor. O teto é de R$ 5 milhões. Até o momento, a gestora já realizou aportes nas startups Gado Certo, Hrestart, Muda Meu Mundo e Trace Pack. “O agronegócio não para de crescer no País e no mundo. Aumentar o potencial de alcance das startups com tecnologias para esse segmento é muito importante para nós”, disse João Kepler, CEO da empresa.