31/03/2022 - 16:32
O Consórcio Novos Parques Urbanos venceu a concessão para administrar três importantes parques estaduais de São Paulo – o Villa-Lobos, o Cândido Portinari e o Água Branca, na zona oeste da capital paulista. O grupo venceu a disputa, que teve mais três concorrentes, após oferecer investimento de R$ 62,7 milhões para administrar os locais. O edital prevê a cessão das áreas de uso público à iniciativa privada por 30 anos, com direito a prorrogação.
O evento para definição do vencedor ocorreu nesta quinta-feira, 31, na B3, área central da cidade. Com a definição da vencedora, a previsão é que a proposta seja reconhecida em maio. A partir de então, o Consórcio Novos Parques pode começar a promover mudanças nos locais.
O Consórcio Novos Parques é formado por sete empresas, entre elas os responsáveis pela gestão do Zoológico, Zoo Safári e Jardim Botânico, repassados para a iniciativa privada em 2021. A Novos Parques Urbanos é composta pela LivePark, pelo DC Set Group, pelo Grupo Oceanic; e por mais quatro empresas dos setores de engenharia e construção: Turita, Era Técnica, Egypt e Pavienge.
O governo do Estado iniciou em dezembro o processo de concessão dos três parques. O edital prevê a reforma dos espaços, a modernização da vigilância e a implementação de centros de visitantes com desenvolvimento de ações de educação ambiental. Não haverá cobrança de ingresso para entrada nos espaços. Por outro lado, o contrato prevê a locação de espaços e a arrecadação com exploração comercial que já existe nestes parques, como restaurantes e lanchonetes.
Também são previstas a execução do Plano de Manejo do Plantel do Parque da Água Branca e a implementação do Plano de Mobilidade e Acessibilidade no Villa-Lobos e no Cândido Portinari, o que inclui pistas de corridas e de caminhadas e equipamentos esportivos. O documento foi publicado após audiências públicas sobre o tema feitas pela Secretaria de Meio Ambiente entre setembro e novembro.
Para Marcos Penido, secretário estadual do Meio Ambiente e da Infraestrutura, o resultado mostra o apetite do setor privado pela gestão de parques. “A estimativa de outorga era de R$ 1,5 milhão. Ela foi de R$ 62,7 milhões”, afirma. O ágio foi superior a 3.800%.
Rogério Dezembro, sócio gestor da concessionária vencedora da concorrência, disse que os parques vão ser incorporados à empresa que já está gerindo o Zoológico e o Jardim Botânico. “São os mesmos sócios, então a gente vai ter um ganho de sinergia grande de gestão. Mas são propostas e vocações totalmente distintas”, afirma.
Sobre a concessão da Água Branca, que chegou a ser alvo de protestos de grupos preocupados com a descaracterização do parque, Dezembro promete respeitar a vocação da unidade. “É um espaço histórico de exposições voltadas ao agro. A gente quer recuperar isso, atualizar esse espaço para esse segmento da economia que é tão importante”, afirma.
Sobre a fauna, Dezembro diz que a intenção é “não só manter, como reforçar toda a história que aquele espaço tem”. “Ele tem essas peculiaridades. Tem ali galinhas, patos e outros animais que ficam soltos. Isso faz parte da característica e da personalidade do parque. A gente quer não apenas preservar, como dar um ‘upgrade.”
Os parques do Ibirapuera, municipal na zona sul, do Cantareira e do Horto, estaduais, também passaram por concessões nos últimos dois anos. O modelo de repassar a gestão para a iniciativa privada tem sido defendido como uma forma de melhorar a infraestrutura e explorar melhor o potencial dos equipamentos. Por outro lado, usuários temem encarecimento de serviços no parque, como a venda de alimentos e estacionamento.
Estrutura dos parques
Localizada na região da Barra Funda, o parque da Água Branca conta com uma área de 136 mil m² e tem 70 edificações. Antes da pandemia, o local recebia 2,9 milhões de visitantes por ano, estima o governo. A proposta do Estado prevê, entre outras medidas, que a empresa vencedora mantenha as características históricas do parque e requalifique todas as suas edificações.
Os parques Villa-Lobos e Cândido Portinari são vizinhos. Estão entre os bairros Vila Madalena e Vila Leopoldina. Juntos, possuem uma área de 850 mil m² e 33 edificações. O governo informou que, antes da pandemia, mais de 11 milhões de pessoas visitavam os espaços anualmente. Além da requalificação dos equipamentos existentes, a concessão prevê melhorias para o impacto do viário e implantação de serviços e atividades para cultura e lazer previstas no projeto.