O ministro da Economia, Paulo Guedes, negou que tenha pedido demissão, em meio às manobras no teto de gastos para bancar o Auxílio Brasil de R$ 400 e a posterior debandada de sua equipe. “Trabalho para um presidente democraticamente eleito, bem intencionado. Estou errado em não pedir demissão porque vão gastar R$ 30 bilhões a mais? Estou fazendo o que de errado? Peço compreensão. Vamos trabalhar até o fim do governo.”

Ele disse ainda que, em nenhum momento, o presidente Bolsonaro insinuou algo semelhante, ou seja, a sua demissão.

Segundo Guedes, ele soube, que, quando estava nas reuniões do FMI, houve “uma movimentação política no Brasil” para retirá-lo do cargo. “Não falo que são ministros fura teto, existe uma legião de fura teto”, disse, admitindo que é uma regra restritiva.

Surpresa

O ministro da Economia relatou que foi pego de surpresa pela saída de quatro secretários na quinta. Após a confirmação do acordo político para alterar a regra do teto de gastos para abrir espaço para um Auxílio Brasil de R$ 400 em 2022, a pasta anunciou os pedidos de exoneração do secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, do secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, – e de seus adjuntos.

Guedes lembrou que os ex-secretários trabalharam com as equipes que elaboravam a proposta do auxílio no Congresso. “Eu soube 24 horas antes só que Funchal e Jeferson pediriam para sair. Eles negociaram, negociaram, e de repente disseram que iam sair. Os secretários disseram que estávamos furando o teto, eu falei que furamos no ano passado para atender a saúde”, relatou.

O ministro ainda argumentou que não quer tirar “nota 10 em fiscal” e deixar os brasileiros mais frágeis passarem fome. “Como ministro da economia tenho que lutar pelo teto sim, e lutei até o final. Mas se desacelerarmos reformas, a nossa capacidade de atender social também é desacelerada. Não existe essa antítese entre o liberal e o social. Não posso ser contra protótipo de programa de renda mínima, mas quero o financiamento correto”, completou.