07/07/2020 - 19:52
O ex-presidente do Banco Central (BC) Gustavo Franco disse nesta terça-feira, 7, que espera que o Brasil, no “limiar do descontrole fiscal”, não caia na tentação de recorrer a soluções heterodoxas na tentativa de resolver a crise das finanças públicas.
Em live transmitida pela gestora Rio Bravo, da qual é sócio e estrategista-chefe, Franco comentou que o País já teve a sua cota de heterodoxias no passado marcado pela inflação e disse esperar que não sejam repetidas as “receitas malucas” que foram testadas sem sucesso.
De acordo com Franco, um dos formuladores do Plano Real, o pagamento da fatura entregue pelo coronavírus – um déficit primário que ele estima alcançar R$ 1 trilhão – será um capítulo “dolorido” da economia brasileira, mas que precisará ser enfrentado.
“Existe uma dúvida básica sobre, por exemplo, se precisa mesmo pagar as contas. A gente acha que é obvio, mas Brasília não pensa que é obvio. E tem economistas, coleguinhas nossos, falando em imprimir dinheiro, e conversinhas de que não precisa se preocupar com essas coisas (rombo fiscal). Isso é uma fraude”, disse Franco.
A grande discussão, na opinião dele, é sobre por quanto tempo o País poderá manter os auxílios emergenciais de combate aos impactos da covid-19. “A gente não quer que o Brasil vire em 2021 um grande Rio de Janeiro, com atrasos de tudo que é pagamento do setor público, vivendo com uma crônica incapacidade de cumprir compromissos. Não se espera que o governo federal chegue a esse nível”, comentou Franco.