06/08/2020 - 17:08
A força-tarefa da Lava Jato no Rio afirma que há ‘fortes indícios’ de que o secretário de Transportes Metropolitanos do Rio, Alexandre Baldy, ‘valendo-se dos cargos públicos de Secretário de Comércio do Estado de Goiás e de Ministro de Estado das Cidades’, solicitou e recebeu, com o auxílio de Rodrigo Dias – seu primo, ex-presidente da Funasa (governo Temer) e ex-presidente do FNDE (governo Bolsonaro) – propinas pagas da organização social Pró-Saúde, as quais foram custeadas pelos cofres públicos do Estado do Rio de Janeiro.
As informações constam na representação enviada pelo Ministério Público Federal à 7ª Vara Federal Criminal do Rio para deflagração da Operação Dardanários nesta quinta, 6. Baldy foi preso temporariamente na ofensiva. Seu primo também teve mandado de prisão expedido, mas não foi localizado até o momento.
Além do secretário do governo Doria, foram presos o pesquisador da Fiocruz Guilherme Franco Netto, em Petrópolis, e o ex-presidente da Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg) Rafael Lousa, em Goiânia.
No documento os procuradores descrevem, apresentando trechos de delações, fotos, mensagens de Whatsapp, recibos e tabelas de despesas, cópias de e-mails e extratos de contas com relação a três situações ilícitas envolvendo Baldy e Dias.
Entre elas está o suposto recebimento de propinas de R$ 900 mil (por Baldy) e R$ 250 mil (por Dias) por causa do direcionamento de uma contratação de R$ 4,5 milhões realizada pela Fiocruz.
Além disso, a Procuradoria menciona um o pedido e recebimento de R$ 500 mil, a pretexto de doação para a campanha de Baldy, em troca da regularização de pagamentos do Hospital Hurso em Goiás que eram devidos à Pró-Saúde. Tal montante teria sido pago com recursos desviados dos cofres públicos do Estado do Rio.
Os argumentos e evidências apresentados pela Lava Jato fluminense à Justiça levaram o juiz Marcelo Bretas a autorizar parcialmente as medidas cautelares solicitadas. Na decisão, Bretas apontou que Alexandre Baldy ‘adotou a prática habitual de cometimento de vários ilícitos penais ao longo dos seguidos cargos públicos que ocupou.
COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA PIERPAOLO CRUZ BOTINI, DEFENSOR DE BALDY
Alexandre Baldy tem sua vida – particular e pública – pautada pelo trabalho, correção e retidão. Ao estar em cargos públicos, fica sujeito a questionamentos. Foi desnecessário e exagerado determinar uma prisão por fatos de 2013, ocorridos em Goiás, dos quais Alexandre não participou.
Alexandre sempre esteve à disposição para esclarecer qualquer questão, jamais havendo sido questionado ou interrogado, com todos os seus bens declarados, inclusive os que são mencionados nesta situação. A medida é descabida e as providências para a sua revogação serão tomadas.
COM A PALAVRA, A SECRETARIA DE TRANSPORTES METROPOLITANOS
Na manhã de hoje (6), a Polícia Federal esteve na sede da Secretaria dos Transportes Metropolitanos, em São Paulo, cumprindo mandado de busca e apreensão da Operação Dardanários, que foi expedido pela 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro. Importante ressaltar que tal operação não tem relação com a atual gestão do Governo de São Paulo. A STM colaborou junto à PF enquanto estiveram no prédio. Após as buscas, nenhum documento ou equipamento foi levado pela Polícia Federal.
COM A PALAVRA, O GOVERNADOR JOÃO DORIA
Os fatos que levaram as acusações contra Alexandre Baldy não têm relação com a atual gestão no Governo de São Paulo. Portanto, não há nenhuma implicação na sua atuação na Secretaria de Transportes Metropolitanos. Na condição de Governador de São Paulo, tenho convicção de que Baldy saberá esclarecer os acontecimentos e colaborar com a Justiça.
COM A PALAVRA, A PRÓ-SAUDE
A Pró-Saúde informa que, desde 2017, tem colaborado de forma irrestrita com as investigações e vem adotando ações para o fortalecimento de sua integridade institucional.