A unidade de saúde inaugurada em Perdizes (zona oeste de São Paulo) nesta terça-feira, 8, pelo governo do Estado de São Paulo e pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) para receber usuários de drogas da Cracolândia só terá sua ala de internação funcionando em 2023.

O espaço, antigo Hospital Auxiliar Cotoxó e agora rebatizado de Instituto Perdizes, foi aberto oficialmente nesta terça em cerimônia que contou com a presença do governador Rodrigo Garcia (PSDB) e do prefeito Ricardo Nunes (MDB), mas, embora tenha sido entregue com a promessa de oferecer 80 leitos de internação para dependentes químicos, só está com o atendimento ambulatorial em operação.

De acordo com o psiquiatra Arthur Guerra, presidente do Conselho Diretor do Instituto Perdizes, os leitos de internação devem entrar em operação no primeiro trimestre do ano que vem e o hospital deve estar funcionando “a pleno vapor” até junho de 2023.

“É algo escalonado. Nós já estamos fazendo atendimento ambulatorial, enquanto isso a equipe está sendo treinada também para o sistema de internação”, afirmou o médico. Ele disse que os equipamentos e estrutura física estão prontos – o que falta é contratação e treinamento da equipe, que deve chegar a 760 funcionários. “Fazer o treinamento dos recursos humanos é algo complexo.”

Guerra disse que a unidade terá ambulatórios específicos para cada tipo de dependência (álcool, maconha, cocaína e crack e anfetaminas) e por público (mulheres, idosos e adolescentes, por exemplo).

Os pacientes serão encaminhados por outras unidades de saúde via Central de Regulação de Ofertas e Serviços de Saúde (Cross). Dos 80 leitos que serão abertos para internação de dependentes químicos, 18 serão exclusivos para adolescentes.

Para o especialista, o novo Instituto Perdizes permitirá uma abordagem integral e multidisciplinar para o problema da dependência química. “Vamos ter aqui, de forma integrada, diferentes visões: médica, psicológica, de esportes, de terapia ocupacional, atendimento para a família e casar tudo isso com prevenção, para os familiares e para o entorno do bairro”, declarou.

Além dos 80 leitos para usuários de drogas, o instituto contará ainda com outros 120 leitos de retaguarda para o Hospital das Clínicas, ou seja, para receber doentes com menor gravidade, mas que ainda precisam de alguma assistência ou acompanhamento.

De acordo com o Hospital das Clínicas, os 120 leitos de retaguarda funcionarão como uma “unidade de internação de transição de cuidados de pacientes em diversas especialidades”, para a assistência “a casos agudos não-críticos”.

Esse bloco, diz o HC, será equipado com tomógrafo computadorizado, raio X digital e aparelho de ultrassom, além de contar com um posto de coleta para exames de análises clínicas que atenderá todo o complexo.

Ainda segundo a instituição, o prédio de cinco andares tem área de 23 mil metros quadrados e, além de um centro de tratamento de doenças relacionadas ao uso de álcool e drogas, funcionará como um hospital-dia, com “ambulatórios médicos e multiprofissionais, ginásio de fisioterapia e atividades físicas e espaços de convivência e reuniões terapêuticas”.

Foram investidos R$ 79,3 milhões nas obras de reforma e ampliação e mais R$ 12 milhões na compra de equipamentos e mobiliário. A unidade, de acordo com o HC, terá capacidade para fazer até 2,2 mil internações por ano, 5 mil atendimentos no hospital-dia e 16 mil consultas médicas ambulatoriais. A entrega da unidade ocorreu com oito anos de atraso – a obra foi iniciada em 2013 e tinha previsão de término para 2014.