12/02/2020 - 18:56
2020 começou com um novo vírus assombrando a economia mundial e sendo declarado emergência internacional de saúde pública pela OMS. O coronavírus é mais uma triste demonstração de que a humanidade, mesmo com o avanço da medicina nos últimos 200 anos, ainda segue exposta a epidemias.
A tecnologia teria algum remédio para evitar a disseminação de doenças transmissíveis que nos apavoram há séculos?
O tratamento, ao que tudo indica, está em reforçar a dose de algoritmos. Um sistema de inteligência artificial da empresa de tecnologia para saúde chamada BlueDot emitiu um alerta sobre uma possível disseminação do coronavírus mais de uma semana antes da Organização Mundial de Saúde. O robô enviou e-mail a órgãos de saúde e companhias aéreas no dia 31 de dezembro, alertando para que eles evitassem a região de Wuhan, na China, mais tarde confirmada como o epicentro da epidemia.
Como isso foi possível?
É “simples”. Por meio de mapeamento e compilação de notícias de fontes internacionais em 65 idiomas, redes de pesquisas em saúde, dados de companhias aéreas, comunicados oficiais de empresas ligadas ao agronegócio, pecuária e outras, e até mesmo fóruns de discussão.
A prestigiada Nature já alertava em artigo meses antes sobre a importância de incluir as previsões nos processos de decisão sobre como combater doenças utilizando dados estruturados e machine learning enquanto as medidas efetivas como vacinas não estão disponíveis. É mais ou menos como os meteorologistas usam as novas tecnologias para antecipar catástrofes climáticas.
Quidel Sofia platform9 e BioFire multiplex PCR10 são outros exemplos de duas soluções que fazem coleta, realizam exames e se conectam com um banco de dados de patógenos de doenças respiratórias armazenados na nuvem. Sistemas assim apressam a coleta de dados e o diagnóstico.
Por meio de tecnologias já existentes e outras de nova geração, como Inteligência Artificial, Robótica e Internet das Coisas, será possível combater tais ameaças de forma mais rápida e eficaz. Em breve, ganharemos a capacidade de realizar sequenciamento genético de patógenos em tempo real!
Aparelhos que possam fazer diagnóstico a partir de microfluídos são ideais para locais remotos ou com instalações precárias. Recursos de IA poderiam alertar o governo a monitorar um indivíduo, realizando exames nele e nas pessoas com quem teve contato. Os diagnosticados com a infecção receberiam braceletes com GPS para impedir que deixassem uma eventual zona de quarentena.
Mais: impressoras 3D capazes de produzir vacinas e comprimidos, uma vacina que se espalhasse mais ou menos como o próprio vírus ou pudesse ser administrada por drones em locais remotos. A robótica e a telemedicina ajudariam ainda no auxílio a países com estrutura médica menos desenvolvida.
Um grupo de cientistas do Broad Institute (MIT) e de Harvard anunciou na Nature a invenção de uma técnica chamada “prime editing”, que teria o potencial de corrigir 89% dos defeitos genéticos, modificando trechos específicos de uma cadeia de DNA de forma mais precisa.
Ainda há desafios de custos, de pesquisa e da estruturação das redes de dados até uma integração digital ampla para que ameaças como o coronavírus sejam cada vez mais inofensivas ou combatidas com rapidez suficiente para não colocar em risco a economia mundial e transformar em realidade as teorias apocalípticas.
As novas tecnologias certamente serão essenciais, se bem aplicadas, para reduzir os riscos das pandemias que há séculos dizimam a humanidade. É torcer para que elas avancem mais rápido do que a disseminação de novos vírus. De qualquer forma, enquanto isso, é prudente reforçar seu estoque de máscaras.
Omarson Costa atua como Conselheiro de Administração, com formação em Análise de Sistemas e Marketing, tem MBA e especialização em Direito em Telecomunicações. Em sua carreira, registra passagens em empresas de telecom, meios de pagamento e Internet.