A Eletronuclear recebeu do Ibama, na última quinta-feira, 25, a renovação da licença ambiental de instalação da usina nuclear Angra 3, obra iniciada na década de 1980, retomada em 2010, e interrompida em 2015 sob suspeita de corrupção. Com início de operação várias vezes prorrogado, a previsão agora é de que o empreendimento comece a gerar energia em fevereiro de 2028.

“A renovação da licença chega no momento apropriado para a primeira concretagem do edifício do reator, a ocorrer em setembro”, informou ao Estadão/Broadcast o presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães. O documento do Ibama terá validade de seis anos e precisará cumprir alguns critérios previamente estabelecidos pelo órgão para que seja validado.

“Para obter a licença de instalação estabelecemos alguns critérios para comprovar junto ao Ibama que estamos controlando a obra, como por exemplo: níveis de ruídos; destinação correta dos resíduos (para garantir que não afetem os córregos e mares da região), segurança dos trabalhadores e um plano de emergência da central nuclear de Angra”, explica o assessor de Licenciamento Nuclear e Ambiental da Eletronuclear, Paulo Augusto Gonçalves.

A empresa terá que demonstrar também os investimentos que serão feitos em programas sociais, como programas de saúde, de educação, de saneamento básico e de segurança para a região.

Andamento

Em fevereiro deste ano, a Eletronuclear assinou um contrato com o consórcio formado por Ferreira Guedes, Matricial e ADtranz, que assumirá a retomada das obras civis da planta e parte da montagem eletromecânica. No momento, o consórcio está na fase de mobilização do canteiro de obras.

A previsão inicial era de que a usina ficasse pronta em 2026, mas atrasos na licitação e no licenciamento ambiental prorrogaram a conclusão do empreendimento. Depois de pronta, Angra 3 terá capacidade instalada de 1,4 gigawatts (GW), volume de energia suficiente para atender 4,5 milhões de habitantes, ou cerca de 60% do consumo de energia elétrica do Estado do Rio de Janeiro e 3% de toda energia consumida no Brasil.

Assim como Angra 2, que junto com Angra 1 formam a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, Angra 3 tem tecnologia alemã Siemens/KWU (hoje, Framatome). As etapas de construção da unidade incluem as obras civis, a montagem eletromecânica, o comissionamento de equipamentos e sistemas e os testes operacionais.

O governo pretende conseguir um parceiro para a finalização da obra. Para isso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) promoveu due diligence para fazer uma avaliação independente sobre a viabilidade técnica e financeira da usina, que visa a trazer segurança aos futuros parceiros acerca das condições do empreendimento. O valor necessário para a conclusão da usina está sendo atualizado no trabalho capitaneado pelo banco, informou a Eletronuclear.