O setor de serviços no País confirmou em novembro a perda de fôlego esboçada em outubro, mas ainda não é possível afirmar que haja uma reversão de tendência, avaliou Luiz Almeida, analista da Pesquisa Mensal de Serviços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na média global, o volume de serviços prestados ficou estagnado (0,0%) em novembro ante outubro, após ter encolhido 0,5% no mês anterior.

“Está havendo perda de fôlego, especialmente nos setores que foram os mais dinâmicos”, apontou Almeida, referindo-se à tecnologia da informação e transporte de cargas. “Temos percebido perda de fôlego nesses dois setores, mas não dá para afirmar ainda que seja uma inflexão”, completou.

Três das cinco atividades de serviços registraram recuos na passagem de outubro para novembro: informação e comunicação (-0,7%), outros serviços (-2,2%) e serviços prestados às famílias (-0,8%). Os avanços foram registrados por transportes (0,3%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (0,2%).

Dentro de transportes, o transporte terrestre recuou 0,1%. Almeida acredita que possivelmente houve impacto nas manifestações no final de outubro e começo de novembro que paralisaram rodovias no País, além de uma suposta antecipação de vendas pela Black Friday.

“Esses dois fatores podem estar afetando essa queda nos transportes terrestres”, apontou Almeida.

No caso dos serviços prestados às famílias, a perda acumulada nos últimos dois meses foi de 2,1%. O segmento vinha de uma alta de 10,5% acumulada entre março e setembro de 2022. Segundo o pesquisador, hotéis e restaurantes puxaram a perda de fôlego recente nos serviços às famílias.

“Sendo que é um setor que ainda não superou patamar pré-pandemia”, lembrou Almeida.

A dificuldade enfrentada pelo segmento é explicada por diversos fatores, desde uma possível alteração estrutural no consumo das famílias provocada pela pandemia, com o boom de serviços online e trabalho remoto, até fatores conjunturais, como a perda de poder aquisitivo da população e a inflação, apontou Almeida.

“A questão mais conjuntural é perda de renda”, disse Almeida. “A inflação não parece estar impactando o setor de hotéis, mas alimentação fora de casa certamente (sim)”, acrescentou.

Em novembro, o volume de serviços prestados no País funcionava em nível 10,7% superior ao de fevereiro de 2020, antes do agravamento da crise sanitária. Os transportes operavam 19,5% acima do nível pré-pandemia de covid-19; informação e comunicação, 17,4%; outros serviços, 0,9% além; e serviços profissionais e administrativos, 5,8% acima. Por outro lado, os serviços prestados às famílias ainda estavam 6,7% abaixo do nível pré-covid.