Em queda desde o começo do pregão, o Ibovespa acelera as perdas, em meio ao recuo forte das bolsas em Nova York, enquanto o dólar avança acima de 1%, indo a R$ 5,1970. Os ativos reagem à divulgação do PCE, reforçando resiliência da inflação dos EUA. Agora, os mercados esperam outro indicador, o de Sentimento do Consumidor (final) de fevereiro do país e falas de membros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), na tentativa de encontrar pistas sobre a velocidade dos juros básicos por lá à frente.

O índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) dos Estados Unidos avançou 0,6% em janeiro ante dezembro do ano passado. Na comparação anual, a alta foi de 5,4%. Já o núcleo do PCE, que exclui itens voláteis como alimentos e energia, também teve crescimento de 0,6% em janeiro ante dezembro (projeção: 0,5%). Na comparação anual, a alta foi de 4,7%.

“Veio uma inflação pesada e resistente, com o dado mensal sendo o maior desde 2021”, observa o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, para quem o resultado só aumenta a aposta de elevação na dose da alta dos juros norte-americanos para meio ponto porcentual. “Deixa cada vez mais claro que não deve ter corte tão logo.”

Além disso, o mercado doméstico está à espera de algumas definições em Brasília, o que eleva a incerteza, observa Eduardo Telles, especialista em renda variável da Blue3. Dentre as principais dúvidas, cita, é se o governo voltará a reonerar de PIS/Cofins os combustíveis, dado que a medida de alívio expira no próximo dia 28.

Além disso, acrescenta, há expectativa quanto a uma apresentação, em março, da proposta do arcabouço fiscal. “Há incerteza no campo político, sobre o arcabouço fiscal, temos ainda a relação do governo com o Banco Central, que parece ter melhorado, mas vamos ver se assim continuará. E ainda não temos nada de concreto sobre o arcabouço”, diz Telles.

Outro ponto, destaca Telles, é a inflação forte no Brasil. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15) acelerou a 0,76% em fevereiro, após 0,55% em janeiro, ficando maior do que a mediana (0,72%) das estimativas na pesquisa do Projeções Broadcast. Em 12 meses, acumula variação positiva de 5,63%, bem acima do teto da meta (4,75%).

Após alta mais cedo, o petróleo passou a cair em meio a temores de juros mais altos e por mais tempo nos EUA, após o PCE, medida predileta de inflação do Fed. Além disso, as atenções também se concentram na reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, à tarde. O encontro acontecerá em meio a discussões no governo por uma nova política de preços dos combustíveis para a estatal.

Às 11h41, Petrobras caía 0,75% (PN) e 0,57% (ON), enquanto Vale ON recuava 1,66%, em meio ao recuo de 0,22% do minério de ferro em Dalian, e ao quadro de aversão a risco externo.

O Ibovespa tinha queda de 0,91%, aos 106.617,25 pontos, ante declínio de 1,07%, aos 106.437,38 pontos, na mínima.