A cautela nos mercados internacionais ainda na esteira de preocupações com uma recessão mundial respinga no Ibovespa. Além das queda nas bolsas, o minério de ferro caiu 1,46%, na China, o que é fator de pressão negativa no índice Bovespa nesta última semana do mês e de agenda repleta de divulgações de indicadores e eventos com força para mexer com os mercados. Já o dólar sobe, chegando a alcançar R$ 5,3425. Além disso, a realização do primeiro turno das eleições no Brasil impõe prudência.

“Esse cenário externo não se mostra favorável neste começo de semana aqui, mas as atenções no doméstico ficam mais para essa reta final das eleições, para o primeiro turno. Fora isso, teremos informações relevantes do lado econômico, com a ata e o IPCA além do RTI”, analisa Rodrigo Ashikawa, economista da Claritas. “É uma semana muito complicada. Tem final, finalíssima das eleições. Certamente será uma semana muito dura”, estima o economista Álvaro Bandeira, também consultor de Finanças.

Contudo, a desvalorização do Ibovespa é menos expressiva do que a baixa de 2,06% registrada na sexta-feira (111.716 pontos), à medida que os investidores esperam a agenda semanal ganhar tração. Porém, tem dificuldade em mirar os 111 mil pontos.

“É um começo negativo para os principais ativos de risco no âmbito internacional. O principal destaque ainda continua para a questão de política monetária global. O Fed na semana passada adotou tom duro após subir os juros, mostrando que essa taxa pode chegar a níveis elevados em relação ao que se tinha antes. Na Europa e na Ásia as notícias são um pouco mais negativas na margem, e o pacote fiscal do Reino Unido que traz pressão negativa para os ativos locais”, explica Ashikawa, da Claritas.

Enquanto esperam novos sinais de política monetária – hoje falam dois dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) com direito a voto – o sinal é moderado nos mercados de ações do Ocidente. O petróleo tenta subir após recentes quedas. Já na Ásia, o recuo foi maior.

Mais cedo, presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde disse esperar aumentar ainda mais as taxas de juros nas próximas reuniões. “Melhor contribuição que podemos dar é assegurar estabilidade de preços.”

De todo modo, o sentimento é negativo. Na Europa, segue sensação de piora econômica e o mercado acompanha a libra, que atingiu mínima histórica durante a madrugada, pressionada pelo recente pacote fiscal do governo britânico.

Nos Estados Unidos, o Fed de Chicago informou que o índice de atividade nacional teve variação zero em agosto, após subir 0,29 em julho.

Neste cenário, a China continua atuando para impulsionar a atividade e para tentar sustentar sua moeda. “A desaceleração na China preocupa e o governo vem tomando medidas para estimular a economia, para impedir a desvalorização da sua moeda, indicando que fará recompra de ações. Há preocupações de uma desaceleração ampla, não só na China, mas no mundo”, avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, em comentário. “Recessão é a palavra da vez junto com aumentos de juros promovidos por alguns bancos centrais no globo”, completa.

O mercado monitora ainda o resultado do setor externo de julho e a edição Resolução BCB nº 246 divulgada hoje. Na prática, a medida pretende reduzir os custos de operações com cartões pré-pagos e cartões de débito ao comerciante e ao consumidor final

Às 11h06, o Ibovespa caía 0,85%, aos 110.764,35 pontos, após ceder 1,28%, com mínima aos 110.287,02 pontos e abertura aos 111.712,70 pontos.