11/05/2023 - 18:16
Ao ganhar fôlego à tarde e se firmar em terreno positivo na sessão, o Ibovespa conseguiu hoje igualar em extensão a sequência de abertura do ano, quando havia acumulado seis ganhos consecutivos, entre os dias 4 e 11 de janeiro. Mesmo com a cautela que ainda prevalece em Nova York, a referência da B3 acentuou ganhos à tarde, para fechar em alta de 0,75%, aos 108.256,40 pontos, entre mínima de 106.419,28 e máxima de 108.666,85 (+1,13%) na sessão, em que saiu de abertura aos 107.446,09 pontos.
No intradia, o nível de 108 mil pontos não era visto desde 12 de abril e, no fechamento, desde 17 de fevereiro, quando estava acima da marca então, a 109,1 mil pontos. Com a animação vista do meio para o fim da tarde, o giro financeiro subiu a R$ 26,6 bilhões no encerramento. Na semana, o índice de referência da B3 acumula ganho de 2,96% e, no mês, de 3,66% – no ano, recua 1,35%.
Nesta quinta-feira, a princípio o setor financeiro carregava o Ibovespa adiante (Santander +2,35%, BB ON +2,05%, Bradesco PN +1,32%). No meio da tarde, as ações da Petrobras, que oscilavam mais cedo entre pequenos ganhos e perdas, passaram a dar contribuição fundamental, com a notícia antecipada por fontes ao Broadcast de que o conselho de administração da estatal aprovou dividendos em torno de R$ 24 bilhões para o primeiro trimestre, o que animou os investidores e levou às ações da petroleira, assim como o próprio índice da B3, às máximas do dia. Mais para o fim da tarde, o relato do Broadcast foi confirmado por fato relevante da Petrobras, indicando distribuição de R$ 24,7 bilhões em dividendos e JCP (juros sobre capital próprio).
No fechamento, a alta de Petrobras ON era de 2,40% e a da PN, de 3,67%, mesmo com perdas em torno de 2% para as cotações do petróleo na sessão. Assim, a combinação de bancos e Petrobras – que anuncia hoje, além dos dividendos, o balanço trimestral após o encerramento dos negócios na B3 – foi o suficiente para anular o efeito negativo do setor metálico, afetado por dúvidas sobre a demanda chinesa em dia de leitura mais fraca sobre a inflação no país asiático, grande consumidor de commodities como petróleo e minério de ferro.
Vale ON cedeu 1,95% e as perdas no setor de siderurgia chegaram a cerca de 2,5% (Usiminas PNA) no fim do dia, em que o minério de ferro recuou 3,46% em Dalian (China), cotado a US$ 100,69 por tonelada. Na ponta negativa do Ibovespa, além de CSN Mineração (-3,53%) e de Usiminas (-2,49%), destaque para Locaweb (-2,99%), Renner (-3,31%), Alpargatas (-3,43%) e Bradespar (-2,60%). No lado oposto, Yduqs (+8,08%), BRF (+6,09%), Azul (+5,53%), CVC (+4,02%), Ultrapar (+3,86%) e Cosan (+3,73%).
“A descompressão vista na ponta longa da curva de juros tem contribuído para a recuperação de ações de empresas com exposição à economia doméstica, como as do setor de consumo, em meio à melhora de percepção sobre o cenário macro. Esse movimento de recuperação que envolve também as ações do setor financeiro, com peso no índice, tem ajudado o Ibovespa, mesmo com a cautela em torno das commodities, em função de incerteza sobre a demanda chinesa”, observa Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
Hoje, a desaceleração da inflação ao consumidor na China e a retração do índice de preços ao produtor – mais do que se antecipava para abril – fizeram o mercado diminuir exposição em Vale devido a dúvidas quanto ao ritmo de atividade no país, em possível “esfriamento” após o entusiasmo em torno da reabertura pós-pandemia, o que acabou sendo contrabalançado pelo anúncio, no meio da tarde, sobre os dividendos da Petrobras, aponta Fernanda Bandeira, sócia e advisor da Blue3 Investimentos. “Sessão foi volátil, com grandes impactos sobre as duas principais ações brasileiras”, diz.
“Semana ainda de balanços importantes, de empresas como Petrobras e B3. Pela manhã, teve a leitura sobre a inflação ao produtor (PPI) nos Estados Unidos, um pouco abaixo do consenso para abril”, o que corrobora a impressão deixada ontem pela inflação ao consumidor americano, em desaceleração, observa Rosiane Duarte, analista da Toro Investimentos.