A cautela internacional limita valorização do Ibovespa, mas não impede o indicador de testar máximas na faixa dos 118 mil pontos, depois de fechar em alta por quatro pregões seguidos. Apesar da queda das bolsas europeias e americanas, o índice Bovespa sobe na esteira do petróleo e ainda de olho no noticiário político.

As cotações da commodity tentam subir, mesmo depois de ganhos robustos na esteira do corte da Opep+. Um dia antes da divulgação do payroll (relatório oficial de emprego dos EUA), os mercados externos operam com certa pressão, sob expectativas de juros altos no mundo por mais tempo do que o imaginado.

Apesar da fala “hawkish” tom duro, que indica alta de juros do presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, a virada do petróleo para cima animou as bolsas americanas, ressalta Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3. “E hoje é dia de dados agenda mais fracos. Então, aqui surfa a alta de Nova York”, afirma.

Contudo, pondera que o cenário externo impõe cautela, como reflete a instabilidade das bolsas de NY, que voltaram a recuar. Conforme Esteves, após dados com resultados divergentes de atividade nos EUA esta semana, fica ainda maior a expectativa pelo payroll, amanhã. “Pode dar mais clareza, um termômetro sobre a economia americana (e os juros)”, avalia o especialista da Blue3.

Internamente, um outro motivo citado por especialistas para justificar a alta do Ibovespa é o fato de o mesmo estar “barato.” Ontem, o Ibovespa fechou com elevação de 0,83%, aos 117.197,82 pontos.

Para Luiz Souza, especialista em renda variável da SVN Investimentos, a valorização do índice Bovespa ainda reflete o resultado do primeiro turno das eleições, de um Congresso e Senado eleitos com perfil de direita. “A máquina de governabilidade está sendo de direita. Se Lula vencer, a possibilidade de pautas absurdas de cunho fiscal avançarem é mais difícil. Já se Bolsonaro for reeleito, terá facilidade em aprovar pautas de reformas propostas nos últimos anos”, avalia. Às 101h10, o Ibovespa subia 0,36%, aos 117.617,96 pontos.

O cenário de curto prazo é de alta para o Ibovespa e baixa para os mercados internacionais, sugerindo equilíbrio entre escolher oportunidades com gerenciamento de risco, avalia em relatório o Itaú BBA.

Do lado da alta, se o indicador superar a máxima em 118.300 pontos, retomará o movimento de subida em direção aos 121.600 pontos, conforme os analistas gráficos da instituição. “Se perder os 115.700 pontos, poderá iniciar um movimento de realização de lucros, encontrando suportes em 109.700 e 106.200 pontos, patamar que sustenta a tendência de alta no curto prazo.”

Nem mesmo impede valorização das ações do setor petroleiro, sobretudo de Petrobras, relatos de novas mudanças na diretoria da estatal para facilitar o congelamento dos preços dos combustíveis e acelerar as privatizações até o final do ano. Essas medidas são defendidas por Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição presidencial. A avaliação geral é de que apesar da defasagem entre os preços internos e os do exterior, o reajuste virá em algum momento.

No exterior, cautela reflete expectativas de que grandes bancos centrais terão de continuar atuando de forma agressiva para conter a escalada inflacionária, após uma pausa nessa ideia. Por isso, os mercados estão atentos a eventuais sinais de membros do Fed que falam hoje.

Mais cedo, a presidente da distrital de Cleveland, Loretta Mester, disse que a inflação no país está “inaceitavelmente” alta.

Na Europa, a ata da última reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE) afirmou que as preocupações sobre o crescimento não devem evitar altas de juros agressivas.

Às 11h17, o Ibovespa subia 0,63%, aos 117.931,82 pontos, após alta de 1,01%, com máxima aos 118.382,31 pontos.