O Ibovespa mira uma oitava alta consecutiva, apesar da indefinição das bolsas norte-americanas e na Europa. O que dá força ao principal índice da B3 é a valorização de 4,17% do minério de ferro, em Dalian, na China. Ao mesmo tempo, os investidores avaliam alguns resultados corporativos do primeiro trimestre e esperam novidades a respeito do arcabouço fiscal, cujo texto pode ser apresentado nesta segunda-feira, 15, na Câmara.

Na sexta-feira, o Ibovespa fechou com alta de 0,19% aos 108.463,84 pontos, marcando a sétima elevação seguida, puxado principalmente pelas ações da Petrobras, em meio especialmente ao pagamento recorde de dividendos no primeiro trimestre. O Índice Bovespa terminou a semana com ganhos de 3,15%. “Há espaço para realização”, avalia o economista Álvaro Bandeira.

Por ora, a elevação do principal índice da Bovespa é moderada e instável, em meio à possibilidade de alteração na política de preços da Petrobras, assunto que será discutido nesta semana pela estatal, conforme informou a empresa. Além disso, novos sinais de desaquecimento da economia norte-americana, em meio ao aperto monetário, estão no radar, pesando nas bolsas do ocidente nesta manhã e no Ibovespa.

Divulgado mais cedo, o índice de atividade industrial Empire State, que mede as condições da manufatura no Estado de Nova York, caiu de 10,8 em abril para -31,8 em maio, segundo pesquisa divulgada hoje pela distrital de Nova York do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Os investidores ainda estão na expectativa de que o governo e o Congresso dos EUA retomem negociações sobre o teto da dívida federal.

“O efeito da alta dos juros começa a fazer efeito e a tendência é de desaceleração. A grande questão agora é como os bancos centrais lidarão com essas questões”, diz Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, ao referir-se ao quadro alto de inflação e sinais de arrefecimento da atividade.

Apesar da alta indefinida, o economista Álvaro Bandeira avalia que há possibilidade de o Ibovespa buscar os 111 mil pontos, quando teria maior consistência do movimento de recuperação. “Só que os riscos políticos podem inibir, principalmente os ruídos ligados ao arcabouço fiscal”, diz.

Na expectativa para a apresentação do parecer do arcabouço fiscal pelo relator da matéria, deputado Cláudio Cajado (PP-BA), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, teve reunião nesta manhã com a equipe econômica do governo.

Nesta segunda-feira, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que serão necessários ajustes no texto do arcabouço e que haverá mais tarde uma reunião de líderes da base e com o ministro Fernando Haddad (Fazenda) para discutir as propostas. Disse esperar que depois do encontro o texto das novas regras fiscais seja apresentado à sociedade, à imprensa.

Ainda que tenha evoluído, há dúvidas sobre como ficará o texto e como será a aprovação do arcabouço fiscal. “Isso deixa o mercado em compasso de espera. Não sabemos se passará da forma pela qual o governo deseja e sabemos que o governo não aprovou ainda por conta de falta de montar uma base”, afirma Velloni, da Frente Corretora, completando, que, no caso da Petrobras, o fato de a empresa ter feito comunicado oficial sobre mudança na política de preços pesa, ainda que o assunto não seja novidade.

Entre os balanços, a Bradespar encerrou o primeiro trimestre de 2023 com lucro líquido de R$ 768,3 milhões, montante 16,9% menor que o apurado um ano antes. Como companhia de investimentos, a Bradespar tem sua receita operacional originada do resultado de equivalência patrimonial e juros sobre o capital próprio da Vale. As ações subiam 1,70%. Já a Azul registrou prejuízo líquido de R$ 322,2 milhões no primeiro trimestre de 2023, revertendo o lucro de R$ 2,658 bilhões que havia registrado no mesmo período de 2022. Os papéis da companhia aérea cediam 8,63% às 11h14.

Já o Ibovespa subia 0,23%, aos 108.718,08 pontos. Vale tinha alta de 1,87%, enquanto Petrobrás caía 1,45% (PN) e -0,69% (ON), após avanço de mais de 3% na sexta.