08/10/2018 - 11:00
O tratamento dado aos dejetos de uma granja é um problema que atinge muitas empresas. Esse foi o caso do grupo mineiro Mantiqueira, que há 25 anos criou a usina de compostagem Solo Bom. Atualmente, a produtora de ovos precisa tratar cerca de mil toneladas por dia de dejetos procedentes de 11 milhões de galinhas em suas duas unidades em Minas Gerais e uma em Mato Grosso. A alternativa encontrada foi o uso de cavaco de madeira para a produção de biomassa. Hoje, todo o dejeto é tratado neste tipo de processo. O composto é comercializado a R$ 250 por tonelada para a cafeicultura e citricultura. Para lucrar ainda mais, a Solo Bom pretende transformar sua usina de compostagem em uma indústria de fertilizantes organominerais.
Suínos
Alerta global
A China, maior consumidor de suínos e maior produtora global, com um rebanho de 400 milhões de animais, está em alerta. No mês passado foi confirmado o quarto surto de febre suína africana, doença contagiosa que não afeta humanos, mas pode dizimar rebanhos inteiros. O vírus que atacou 340 animais ocorreu há cerca de 1,5 mil quilômetros dos primeiros casos registrados. A China já sacrificou oito mil suínos para conter a doença.
Angus
Mais carne com grife
A Associação Brasileira de Angus iniciou as comemorações de 15 anos do Programa Carne Angus, na Expointer, em Esteio (RS). O programa, que nasceu colocando no mercado dois mil quilos de carne por mês, hoje vende 2,3 mil toneladas. No total, três milhões de animais já foram abatidos e 102 mil toneladas de carne vendidas. Segundo Fábio Medeiros, gerente do programa, está na agenda um giro técnico, cinco concursos de carcaça, um livro e a uma nova campanha de marketing.
ExpoGenética
Genoma para melhorar
A ExpoGenética, promovida pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu, entre 18 e 26 de agosto, em Uberaba (MG), vai deixar dois marcos para a história do melhoramento animal no País. Foram apresentados os primeiros dados de avaliação genômica de animais nelore, unificando em um sumário o Programa de Melhoramento das Raças Zebuínas (ABCZ) e o Geneplus (Embrapa). O sumário faz parte do Projeto Genômica, na qual já há 13 mil animais genotipados. A meta é chegar a 100 mil até 2019, incluindo outras raças zebuínas, como guzerá.
Outro feito foi a apresentação do primeiro sumário de fêmeas gir leiteiro, um projeto da Embrapa Gado de Leite e da Associação Brasileira de Criadores da raça. O sumário tem 4,5 mil animais. Em ambos os casos, as avaliações trazem informações mais precisas e podem encurtar o tempo de seleção.
Baixo carbono
Intercâmbio Brasil-Europa
O Low Carbon Business Action in Brazil, projeto financiado pela União Europeia para promover o intercâmbio entre empresas brasileiras e europeias no desenvolvimento de soluções à economia de baixo carbono, entra na fase de captação de recursos e investimentos para os 90 projetos selecionados. Nesta fase serão investidos O 300 milhões. O programa começou em setembro de 2015 e reúne 300 empresas.
Agricultura familiar
Mais um polo para o cacau
Em outubro, cerca de 300 agricultores familiares do município de Caroebe, em Roraima, começam a receber sementes de cacau que serão plantadas a partir das primeiras chuvas de 2019. A ação faz parte do início da criação de um polo cacaueiro no sul do Estado. A ideia, que reúne a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e governo local, é que o cacau seja o abre alas de um sistema agroflorestal que contempla outras 15 cadeias produtivas. Entre elas estão açaí, castanha-do-brasil, cupuaçu, graviola, maracujá, café, pimenta-do-reino, urucum, guaraná, cana-de-açúcar, leite, citrus, mandioca, tucumã e banana. No País há três grandes polos produtores de cacau, sendo o maior no Pará, seguido por Bahia e Rondônia.
O grupo francês Carrefour anunciou no mês passado que se comprometerá a comercializar em sua rede de supermercados brasileira apenas ovos coletados pelo sistema livre de gaiolas até 2028. Para garantir maiores níveis de bem-estar às galinhas poedeiras, o grupo irá trabalhar junto aos seus fornecedores. O projeto não é exclusivo ao Brasil. Na França, Itália, Polônia, Bélgica, Espanha e Romênia, o Carrefour também se comprometeu com a venda de ovos produzidos em sistema livre de gaiolas, até 2025. O grupo atua em 30 países e suas vendas atingiram O 88,2 bilhões no ano passado. No Brasil, a rede possui 644 pontos de vendas e a receita foi de R$ 52,4 bilhões em 2017.
Embrapa
Candidatos a postos
No dia 15 de outubro será anunciado oficialmente quem será o novo presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a mais importante instituição pública de pesquisa do País. Estão no páreo 16 candidatos, o maior número de indicações de sua história. A nomeação do novo presidente, que tomará o lugar d Maurício Lopes, será feita por Eumar Novacki, secretário-executivo do Ministério da Agricultura.
Na rota do acerto
Acostumado às mesas de debates e de discussões sobre os desafios na produção de alimentos, o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, atual coordenador do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getulio Vargas, é requisitado com frequência a se posicionar sobre os temas que mais mexem com o dia a dia do produtor e com sua visão de futuro.
Que dimensão o agronegócio toma, em um ano de eleição presidencial?
Assistimos há anos o agronegócio salvando o PIB do País, mantendo-o positivo. Isso mostra a importância que representa para a política e socialmente. O fato é tão reconhecido pela sociedade que duas senadoras ligadas ao segmento foram escolhidas para disputar a vice-presidência nas eleições de outubro.
Até o momento, qual o fato de maior impacto no setor do agronegócio em 2018?
A greve dos caminhoneiros foi um desastre para a economia rural, mas foi, sobretudo, uma clara mensagem de que dependência estrutural de rodovias é de fato um dos maiores gargalos perturbadores da nossa competitividade internacional e, sobretudo, da nossa condição de obter renda no campo. E a emenda ficou pior que o soneto. O tabelamento dos fretes é um absurdo em pleno século 21.
O que deve ser feito?
Hoje, ao lado de outros temas, como o seguro rural e a abertura comercial, torna-se essencial buscar a segurança jurídica que garanta investimentos em logística e infraestrutura ferroviária, hidroviária e de armazenagem e portos.
Qual estratégia seria a mais adequada para um produtor nesse momento?
Está claro que sem tecnologia sustentável não haverá competitividade global para nenhum setor produtivo. Por isso, a prioridade de um investidor no campo é buscar tecnologia. Em segundo lugar está a gestão, não só a financeira e fiscal, mas também a de recursos humanos, a ambiental, a social e principalmente a de risco, que implica conhecer profundamente o mercado. Com esses dois elementos dominados, tecnologia e gestão, o empreendedor terá condições de avaliar o que fazer e em que momento. Vale lembrar que na crise estão também boas oportunidades. E, aí, o que valerá sempre será o bom senso.