O dólar voltou a se valorizar de forma generalizada neste pregão, impulsionado pelo farto volume de incertezas em torno da economia global, diante do insistente avanço do coronavírus em diversas partes do mundo. O índice DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de outras divisas principais, subiu 0,35%, para 94,366 pontos, se situado no maior nível desde o fim de julho.

No fim da tarde em Nova York, o dólar subia a 105,44 ienes, o euro recuava a US$ 1,1660 e a libra tinha baixa a US$ 1,2715.

As dúvidas quanto ao potencial de recuperação da economia mundial alimentou o apetite pelo dólar, visto pelos investidores como um porto-seguro. “A recuperação do dólar em setembro ganhou força depois que as ações globais em queda desencadearam uma corrida para ativos mais seguros”, comenta o analista de mercado sênior Joe Manimbo, do Western Union. “A preocupação está crescendo em meio ao aumento de casos de covid-19 em todo o mundo”, acrescenta Manimbo.

O número de casos confirmados de vírus na zona do euro continuou a aumentar “rapidamente nas últimas semanas e representa uma ameaça crescente para a recuperação econômica”, afirma a Capital Economics. Medidas para tentar conter o avanço da covid-19 na Europa estão sendo vistas com certo ceticismo por alguns especialistas.

Em relatório enviado a clientes, a Western Union aponta que os dados de atividade divulgados hoje pela IHS Markit mostraram uma contração “surpreendente” no crescimento dos serviços europeus em setembro, aumentando as preocupações sobre uma segunda onda de infecções por covid-19.

A libra chegou a subir ante o dólar, após o ministro das Finanças do Reino Unido, Rishi Sunak, postar em seu Twitter que anunciará, amanhã, os planos do governo para “continuar protegendo os empregos durante o inverno. No entanto, ao longo do dia a repercussão da reimposição de restrições do movimento, e mesmo a ameaça de um novo lockdown nacional pelo primeiro-ministo, Boris Johnson, ontem, prevaleceu para o movimento de queda.

Entre as moedas emergentes, o destaque ficou com o peso argentino. A moeda reagiu com desvalorização às palavras do ministro da Economia da Argentina, Martín Guzmán, que no Congresso da Argentina afirmou que as medidas recentes do Banco Central para reforçar o controle do câmbio são “um esquema de transição”. Neste fim de tarde, o dólar era cotado a 75,7144 pesos argentinos. No mercado paralelo, o dólar valia 145 pesos argentinos.

A Capital Economics, no entanto, não acredita que o movimento ascendente visto no dólar irá se sustentar no futuro. “Duvidamos que a recente retração nas expectativas de inflação dos EUA continue. Isso alimenta nossa visão de que é mais provável que o dólar enfraqueça do que se fortaleça nos próximos anos”, avaliou a Capital Economics para a moeda em longo prazo.