São Paulo, 3 – O Índice de Preços de Alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) atingiu a média de 173,5 pontos em abril, alta de 2,7% em relação ao registrado em igual período do ano passado.

Na variação mensal, o indicador ficou praticamente inalterado, após marcar 172,8 pontos em março. Enquanto os preços da maioria dos cereais e produtos lácteos continuaram a subir em abril, os valores do açúcar tiveram quedas mais expressivas. Os mercados de óleo vegetal e carne também permaneceram sob pressão.

No segmento de cereais, o índice ficou em 168,5 pontos em abril, aumento de 1,7% ante março (2,8 pontos) e cerca de 15,4% superior à média de abril de 2017. O indicador manteve uma tendência de alta pelo quarto mês consecutivo, puxado por avanços nos preços do trigo, milho e arroz.

No caso do trigo, riscos relacionados ao clima nos Estados Unidos impulsionaram as cotações, enquanto as perspectivas de menor plantio norte-americano e produção reduzida devido à seca na Argentina alavancou os valores do milho. Os preços do arroz, por outro lado, aumentaram, após uma nova rodada de compras públicas pela Indonésia e o lançamento de uma licitação estadual de importação pelas Filipinas.

O índice de lácteos atingiu a média de 204,1 pontos, elevação de 6,7 pontos (3,4%) em relação a março, o terceiro crescimento mensal consecutivo. Com isso, o resultado de abril, o indicador ficou 11 pontos à frente do período correspondente no ano passado. A tendência de alta dos preços reflete a demanda robusta de importação para todos os produtos lácteos, combinada com as apreensões do mercado em relação às disponibilidades de exportação na Nova Zelândia após um declínio maior do que o previsto em sua produção.

Na ponta negativa, o indicador do açúcar registrou 176,6 pontos, queda de 8,9 pontos (4,8%) comparado a março e 24% abaixo do desempenho obtido em igual intervalo de 2017. Os declínios nas cotações desde dezembro são, em grande parte, atribuídos ao excesso de oferta, em vista da produção recorde na Índia e na Tailândia.

Especificamente no mês passado, pressões adicionais vieram da desvalorização da moeda brasileira em relação ao dólar norte-americano, junto a medidas de apoio de governos previstas na Índia e no Paquistão voltadas para o aumento das exportações da commodity.

O índice de óleos vegetais apresentou retração de 1,4% ante março, a 154,6 pontos em abril, o que reflete principalmente os mercados de óleos de palma, soja e girassol. As cotações internacionais do óleo de palma (que tem o maior peso no índice) diminuíram com o crescimento da demanda e os possíveis ganhos sazonais de produção no sudeste asiático. Enquanto isso, os valores do óleo de soja enfraqueceram ainda mais, refletindo níveis de esmagamento fortes entre os principais produtores.

Nas carnes, o indicador atingiu 169 pontos, redução de 1,6 ponto (0,9%) em relação a março, porém, praticamente inalterado ante o igual período de 2017. Durante o mês, os preços dos bovinos e suínos diminuíram ligeiramente, enquanto os das carnes de ovino e de aves mantiveram-se estáveis. As maiores exportações das Américas corroboraram a queda nos preços da carne bovina, enquanto a diminuição da demanda de importação fez com que os preços da carne de suína recuassem.