15/06/2022 - 12:33
A recuperação do setor de construção, após anos de perdas, não foi interrompida pelo choque provocado pela chegada da pandemia de covid-19. Em 2020, a indústria da construção tinha 131.809 empresas ativas, 6.732 companhias a mais que em 2019. O resultado representa um recorde na série histórica iniciada em 2007 da Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), divulgada nesta quarta-feira, 15, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No ano de 2020, a indústria de construção empregava 1,978 milhão de pessoas, o equivalente a 72 mil trabalhadores a mais contratados em relação a 2019, alta de 3,8% no pessoal ocupado no setor. Apesar da melhora, o resultado ainda significa praticamente um milhão de vagas aquém do auge da ocupação, em 2013, quando o setor empregava 2,968 milhões de trabalhadores.
Em 2020, o setor pagou R$ 58,7 bilhões em salários e outras remunerações no ano, um aumento real de somente 0,2% em relação a 2019. O salário médio do trabalhador do setor caiu a apenas 2,2 salários mínimos, patamar mais baixo da série iniciada em 2007.
Segundo Marcelo Miranda Freire de Melo, analista da pesquisa do IBGE, a pandemia de covid-19 “não teve grandes impactos negativos no setor de construção” no que se refere ao número de empregados e ao desempenho das vendas de materiais de construção, que cresceram em relação a 2019. Houve decretos municipais, estaduais e federais incluindo a construção entre as atividades essenciais, ou seja, o setor teve a permissão de permanecer funcionando mesmo nos piores momentos da crise sanitária.
“Além disso, os auxílios governamentais também de certa forma ajudaram a manutenção dos resultados”, disse Melo. “A demanda também ajudou, e a cadeia de abastecimento (de materiais de construção) foi pouco afetada”, completou.
A indústria da construção movimentou R$ 325,1 bilhões em 2020, sendo R$ 304,4 bilhões em obras e/ou serviços e R$ 20,7 bilhões em incorporações.
O setor público teve a menor participação da série histórica da pesquisa no valor das obras e serviços da construção, apenas 29,8% em 2020, ante uma demanda de 70,2% do setor privado.
No segmento de obras de infraestrutura, metade (50,0%) do valor movimentado foi demanda pública, o restante foi contratação do setor privado. Na construção de edifícios, a demanda governamental foi a menor já vista na pesquisa, apenas 18,0%, ante uma fatia de 82,0% do setor privado. Nos serviços especializados para construção, 20,6% foram contratação pública e 79,4%, privada.
A contribuição do setor público no montante movimentado pela indústria da Construção como um todo encolheu 11,6 pontos porcentuais em uma década (a participação saiu de 41,4% em 2010 para 29,8% em 2020). Nas Obras de infraestrutura, a queda foi de 9,7 pontos porcentuais (de 59,7% para 50,0% no período).
Enquanto ocorria o enxugamento da demanda de governos, as obras de infraestrutura perdiam, ao mesmo tempo, bastante espaço na indústria de construção.
No ano de 2020, 32,7% do valor de incorporações, obras e serviços da construção vinham do segmento de infraestrutura, ante uma participação de 41,7% em 2011.
A construção de edifícios, que tem predomínio histórico de demanda privada, cresceu de uma fatia de 39,9% do valor movimentado em 2011 para 45,3% em 2020, enquanto a participação do segmento de serviços especializados para a construção subiu de 18,5% para 22,0% no período.