Os fundos de investimento apresentaram saída líquida de R$ 19,6 bilhões em novembro, segundo dados da Associação Brasileira de Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Trata-se do terceiro mês consecutivo em que a indústria apresenta mais resgates do que aportes, com resultado puxado desta vez principalmente pelos fundos de renda fixa e multimercados. No ano, o saldo da indústria de fundos continua negativo, em R$ 25,7 bilhões.

Os fundos de renda fixa completaram três meses com retirada líquida de recursos, sendo que em novembro esse montante chegou a R$ 16 bilhões. Nesta classe, os dois tipos mais representativos em patrimônio líquido foram também os que mais influenciaram nessa diferença: o duração livre grau de investimento e o duração baixa grau de investimento fecharam o mês com saídas líquidas de R$ 8,9 bilhões e de R$ 6,8 bilhões, respectivamente.

Os dois tipos investem mais de 80% em títulos públicos ou ativos de baixo risco, com a diferença de que o duração livre grau de investimento não tem compromisso com o vencimento dos papéis, enquanto o duração baixa grau de investimento aplica em títulos de curto prazo.

“Um dos fatores que explica esse movimento é que esses dois tipos de fundos investem a maior parte das carteiras em títulos públicos. Por isso, sua performance é sensível às sinalizações de política econômica, que podem implicar em volatilidade, caso ocorram ruídos”, afirma Pedro Rudge, vice-presidente da Anbima e presidente do Fórum de Gestão de Fundos Mútuos na associação. “Mas vale ressaltar que, no ano, a classe de renda fixa acumula a maior captação líquida da indústria, de R$ 74,5 bilhões”, acrescenta.

Multimercados e ações seguem no negativo

Em novembro, os fundos multimercados também registraram saldo negativo na ordem de R$ 4,2 bilhões. Os dois tipos com os maiores patrimônios líquidos – multimercados livre (sem compromisso de concentração em nenhuma estratégia) e investimento no exterior (aplicam mais de 40% em ativos internacionais) – tiveram resgates líquidos de R$ 5,1 bilhões e R$ 2,8 bilhões, respectivamente. No acumulado do ano, os fundos multimercados somam R$ 83,7 bilhões em saída líquida.

“A maior aversão ao risco e as incertezas da conjuntura econômica doméstica e externa contribuíram para diminuir o interesse dos investidores pelos fundos multimercados. O resultado é este processo de realocação de recursos que vem ocorrendo nos últimos meses”, avalia Rudge.

A movimentação de recursos para a classe das ações permaneceu desfavorável pelo quinto mês seguido, com captação líquida negativa de R$ 4,2 bilhões. O tipo ações livre, com o maior patrimônio entre as subcategorias (R$ 210,6 bilhões), segue sendo o principal responsável pela saída da classe, registrando saques líquidos de R$ 2,7 bilhões no período. No ano, os fundos de ações somam resgates líquidos de R$ 66,1 bilhões.

FIDCs, FIPs e Fiagro têm captação positiva

Já as classes Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) e Fundos de Investimento em Participações (FIPs) tiveram captação líquida positiva em novembro: R$ 11,4 bilhões e R$ 1,5 bilhão, nesta ordem.

“Outro destaque entre os fundos estruturados são os Fiagros (Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais), que, apesar de ainda serem uma novidade, têm conquistado bastante espaço no mercado”, afirma Sergio Cutolo, vice-presidente da Anbima.

Desde seu lançamento, os Fiagros acumularam R$ 7,9 bilhões em patrimônio líquido, sendo R$ 6,4 bilhões de Fiagro-FII, segundo os dados de outubro de 2022 divulgados pela associação.

Rentabilidades

Considerando as rentabilidades dos tipos de fundos mais representativos em patrimônio líquido, o destaque foi o duração baixa grau de investimento, da classe de renda fixa, com valorização de 1,05% em novembro, alcançando 12,44% em 12 meses. Nos multimercados, a rentabilidade do tipo investimento no exterior caiu 1,26%, mas ainda assim permanece com desempenho positivo de 10,33% nos últimos 12 meses. Para a classe ações, o rendimento do tipo investimento no exterior foi de 4,64% negativo, acumulando queda de 12,32% em doze meses.