27/03/2025 - 15:00
Aquela imagem de que a vida no campo é isolada e tranquila ficou no passado. Uma nova geração de ‘agricultores’ tem se aproveitado do alcance da internet e da nova função de “influencer” para exibir nas redes sociais suas rotinas nas atividades rurais. De quebra, acabam gerando também uma fonte de renda extra com suas propriedades.
+ Para que estudar? 75% dos jovens brasileiros sonham em virar ‘influencers’
Muitos influenciadores do agro têm em comum apenas o tema rural, pois eles são de diferentes gêneros, idades e regiões. Vão desde “agroboy” goiano com formação nos Estados Unidos até uma “cowgirl” de 8 anos do interior de São Paulo que mal compreende o que significa viralizar.
Como seus conteúdos tem alcançado milhões de pessoas, acabam gerando monetização e atraindo anunciantes.
A IstoÉ Dinheiro Rural conversou com alguns desses nomes que estão fazendo sucesso levando o agro para as redes sociais Confira:
“Cowgirl” mirim
Com apenas 8 anos de idade – e que anda a cavalo desde os 2-, Helena Hisbek conta com aproximadamente 60 mil seguidores no TikTok, sua principal rede, e mais 20 mil seguidores somando Instagram e Youtube. A menina, apelidada de Cowgirl, tem vídeos que alcançam três milhões de visualizações, e não quer nem pensar em sair de onde mora, em uma zona rural de Ribeirão Preto (SP).
“Desde muito nova vi que ela tinha talento. Quando ela tinha dois anos, montei o Instagram para ela, pois como sou professora de equitação, vi que daria para ir ensinando e já postando. Isso cresceu de uma forma que eu não esperava, inclusive mesmo sem ter noção, hoje ela adora gravar”, conta Carolina Lopes, mãe de Helena.
Carolina conta que a filha ainda se assusta quando é abordada por fãs em eventos, algo que, segundo a mãe, é normal pela idade da garotinha.
“Postamos porque gostam dela, confesso que não sei mensurar esse alcance, mas ela ama fazer isso, e isso já me satisfaz e muito”, conta a mãe da Cowgirl.
A mãe conta que Helena já recebe roupas de um comerciante local para divulgar em seus vídeos e, ao contrário de alguns anos atrás, quando julgava a filha muito pequena para aparecer em campanhas publicitárias, Carolina agora permite que ela continue realizando parcerias.
“Agroboy”
Ao contrário da pequena Helena, Jacques Vanier de 33 anos, um dos maiores influenciadores do agro brasileiro, não começou sua trajetória como influenciador no campo. O goiano havia se mudado para os Estados Unidos para estudar engenharia civil, antes de resolver se estabelecer no campo de vez.
“Nunca tinha morado fora, estava com saudade da minha terra, fui fazer algo para me distrair e postei um vídeo pedindo um pão de queijo e uma pamonha no McDonald’s dos EUA, o vídeo viralizou, comecei a postar com mais frequência”, conta Jacques.
O influenciador conta que resolveu retornar para o Brasil e, com a primeira publicidade, construiu a casa na roça onde mora com a mãe, em Piracanjuba, no interior de Goiás. Jacques está há quase seis anos nas redes postando vídeos humorísticos sobre a vida rural e hoje conta com 9,2 milhões de seguidores no Instagram, 6,5 milhões no TikTok e mais 1,55 milhão no Youtube.
“Construí tudo aqui, até uma estrada estou fazendo com “minhas mãos”. Quis morar na roça porque gosto da simplicidade sem barulheira. Sou uma pessoa extremamente ‘pé no chão’, sei que tem muito influenciador grande por aí, mas não fico pensando nisso”, disse.
Por enquanto, Jacques tem como principal fonte de renda seus conteúdos nas redes sociais, mas ele conta que não pretende ficar apenas no negócio de influenciador. Como vem ganhando notoriedade com shows e eventos de humor, em breve pretende investir em gado.
Pecuarista
A trajetória de Hamilton Miranda lembra a de Jacques. O pecuarista, de 55 anos, foi criado em São Paulo e por anos trabalhou na cidade grande, mas se mudou para uma zona rural na região de Presidente Prudente para viver da agricultura. Mas foi só por meio do filho Youtuber, anos depois, que Hamilton se convenceu a mostrar o dia a dia no campo.
“Fugi dele por muito tempo, até um dia em que ele começou a me gravar sem eu perceber, não botava muita fé. Na época, nem tinha TikTok instalado no meu celular, mas fui crescendo muito, até o patamar que estamos hoje”, conta Hamilton.
O pecuarista hoje tem mais de 450 mil seguidores no TikTok, 220 mil inscritos no Youtube e 200 mil seguidores no Instagram. Segundo ele, o TikTok é a rede mais rentável, onde seus vídeos desempenham melhor, e ele consegue faturar valores que classifica como “satisfatórios”, sem revelar quanto.
“Não sei até onde isso vai, não largo minhas atividades no campo porque as coisas podem mudar, então prefiro ficar pé no chão”, conclui.
Novato nas redes
Morador do município de Manoel Ribas, no interior do Paraná, Bruno Ghizoni começou a investir seu tempo nas redes sociais há três meses. Ele mostra a vida na propriedade onde mora com a esposa e os pais, com vídeos onde aparece arrumando a cerca, cuidando do gado e, como ele gosta de dizer, mostrando a “lida”.
“Sou muito espontâneo, tudo que mostro lá sou eu. Eu brinco que não tenho tempo pra preparar roteiro, meu roteiro é o dia a dia. Mostro o que vai surgindo, o meu dia a dia, acho muito bacana que as pessoas gostem”.
Bruno contou também que não abriria mão da vida no campo por nada e, inclusive, indicaria essa vida para o filho por ser mais rentável e apresentar mais qualidade de vida. Atualmente Bruno tem focado principalmente no TikTok, onde já conta com mais de 60 mil seguidores. Um dos mais populares, com o título “Tratando o gado no alto grão, será que dá lucro?” alcançou dois milhões de reproduções no TikTok.
*Estagiário sob supervisão
