No coração da sede da Bayer CropScience, uma das líderes mundiais em inovação para proteção de cultivos, sementes e biotecnologia, em Monheim, a 20 quilômetros de Düsseldorf, na Alemanha, está localizado seu Tropicário. O espaço é uma espécie de floresta em miniatura, com mais de 400 espécies de plantas que convivem harmoniosamente com um auditório, um restaurante e áreas de lazer para os funcionários da empresa. É no Tropicário, também, que os executivos se reúnem para contar os feitos e as novidades da divisão de agronegócio do Grupo Bayer, um dos gigantes mundiais do setor químico farmacêutico, que teve um faturamento de E 36,5 bilhões no ano passado. Durante a conferência anual para a imprensa internacional, realizada no mês passado, a presidenta global da Bayer CropScience, Sandra Peterson, anunciou o investimento de ) 7 bilhões até 2016, nas unidades que a empresa mantém ao redor do mundo. “Teremos um crescimento acima de 10%, superior ao do mercado”, disse.

Do total separado para investimentos, ) 5 bilhões serão direcionados para a área de pesquisa e desenvolvimento e ) 2 bilhões serão investidos na ampliação da capacidade produtiva e instalações de processamento de sementes. “O mercado pode aguardar novas soluções na área de sementes, novos produtos químicos e de proteção biológica de cultivos”, diz Sandra. A Bayer estima que os novos produtos lançados até 2016 poderão alcançar um potencial de pelo menos ) 4 bilhões no pico de vendas. “Estamos na vanguarda para encontrar soluções sustentáveis para a agricultura”, afirmou a presidenta.

Segundo Sandra, as vendas da Bayer CropScience totalizaram ) 4,8 bilhões no primeiro semestre. A maior parte dessas receitas veio da unidade de negócios de proteção de cultivos, que faturou ) 3,7 bilhões no período. Já a área de sementes conseguiu atingir vendas de ) 723 milhões. A estimativa é de que essa unidade de negócios responda por 13% do total de vendas da empresa em 2012, ligeiramente maior do que os 11% registrados no ano passado. “Queremos dobrar nossa participação no mercado de sementes até 2016”, disse Sandra.

A empresa está no mercado de sementes há mais de dez anos, principalmente nos cultivos de algodão, canola e arroz. Mas, há cerca de três anos, a Bayer decidiu investir fortemente em sementes de soja, buscando adquirir pequenas e médias empresas do setor e buscar parcerias para o desenvolvimento de pesquisas. Rüdiger Scheitza, responsável pela estratégia global da Bayer no Brasil, afirma que a meta está em andamento. “Temos um plano ambicioso para aumentar nossa participação no mercado brasileiro”, disse. A empresa adquiriu um banco de germoplasma de soja da CVR Plant Breeding, de Rio Verde (GO), em 2010. Com isso, a Bayer passou a contar com material genético para pesquisa e desenvolvimento de variedades de soja adaptadas ao mercado brasileiro. Em 2011, a Bayer comprou outra empresa brasileira, a SoyTech Seeds, de Goiânia, especializada em melhoramento genético de sementes na cultura da soja. “Sabemos como a soja é importante para o Brasil”, afirma Scheitza. No ano passado, as vendas da empresa por aqui chegaram a R$ 2,2 bilhões.

A Bayer CropScience passou por dificuldades no País e perdeu a liderança de mercado em 2006. Agora, investe em novos produtos para recuperar espaço, como o fungicida FOX. Considerado seu maior lançamento no Brasil, o FOX trouxe uma nova classe química para o manejo da soja, principalmente para combater a ferrugem asiática. Foi utilizado em mais de um milhão de hectares em 2011 e agora terá o uso expandido também para as culturas de feijão e algodão, segundo o diretor de Operações de Negócios no Brasil da Bayer CropScience, Gerhard Bohne. “Tivemos uma excelente experiência com esse produto, foi uma real inovação”, diz Bohne. Desenvolvido no Brasil e formulado no parque industrial da empresa em Belford Roxo, no Rio de Janeiro, o FOX é uma das principais apostas da multinacional alemã para a agricultura. “Nosso objetivo é ser líder no segmento de fungicidas para a soja”, afirma Bohne.

Uma nova molécula custa mais de ) 200 milhões e demora até dez anos para ser levada ao mercado, de acordo com Bohne, além do tempo exigido para registro de comercialização dos novos produtos. Por isso, é preciso acelerar os investimentos. “Teremos um novo herbicida para a cana-deaçúcar no mercado em até dois anos”, diz Bohne, sem revelar detalhes do futuro lançamento. Outra promessa da Bayer CropScience para o mercado brasileiro é o Votivo, produto biológico para o tratamento de sementes que está em fase final de desenvolvimento.

A Bayer CropScience está especialmente interessada no mercado de defensivos biológicos, que deve triplicar de tamanho no mundo até 2020. De olho nesses “produtos verdes”, adquiriu, em julho deste ano, por US$ 425 milhões, a AgraQuest, empresa americana sediada em Davis, Califórnia, conhecida por marcas como os fungicidas Serenade, Rhapsody, Sonata e Ballad e o inseticida Requiem. “A AgraQuest vai expandir nosso portfólio de produtos biológicos de controle de pragas”, disse a CEO Sandra Peterson. Como a aquisição é recente, a empresa ainda está analisando o portfólio de biológicos da AgraQuest. “Ainda não temos uma estratégia para comercializar esses produtos”, diz Bohne. À frente da Bayer CropScience desde outubro de 2010, Sandra promoveu uma reestruturação baseada em quatro pilares: rejuvenescimento do negócio de proteção de cultivos; foco no cliente ao longo da cadeia de valor; reforço nos investimentos em inovação; e ampliação do negócio de sementes da empresa. “Essa estratégia transformou a Bayer CropScience e definiu nosso caminho para o sucesso futuro”, afirmou na coletiva global de imprensa. No entanto, por motivos pessoais, a CEO não vai esperar para ver o crescimento previsto até 2016. A executiva, natural de Nova York, deixará a companhia no fim de novembro. Sandra vai voltar para os Estados Unidos, onde ocupará um posto de direção na Johnson & Johnson.