NA LIDERANÇA: Marcus Elias, presidente do Conselho da Parmalat

Depois de ficar mais de três anos fora da mídia, a Parmalat, empresa líder no mercado brasileiro de leites, colocou no ar uma nova campanha. Com investimentos de R$ 40 milhões, os “mamíferos”, já crescidos, voltaram à cena publicitária. Esse retorno teve valor simbólico porque encerrou a crise de uma companhia que esteve à beira de um colapso em 2004, quando foram descobertas fraudes contábeis na Parmalat italiana. Um ano depois, a filial brasileira foi assumida pelo fundo de investimentos Latin America Equity Partners – Laep, o que ajudou a empresa a reencontrar o rumo. A Parmalat cortou custos, retomou a liderança em vendas e ampliou a linha premium, com o Fribresse, leite focado no público feminino com processo digestivo vagaroso, e o Physic-cal, leite semidesnatado com adição de cálcio natural. Tudo isso é importante, mas nada irá mudar tanto o mercado brasileiro de leite como o nascimento da Integralat. Através dessa empresa, a Parmalat dá início ao plano de integração de seus fornecedores, de quem capta 60 milhões de litros/mês. Em entrevista coletiva no final de agosto, antes do chamado “período de silêncio” determinado pela Comissão de Valores Mobiliários, em função do l a n ç a – mento de ações da L a e p , executivos da companhia falaram da importância do novo modelo para fortalecer a relação com os produtores a longo prazo.

Hoje, os fornecedores de leite da marca são 20 mil, espalhados por todo o Brasil. Mas o problema é a baixa produtividade. A média brasileira é de apenas 3 litros de leite/ dia por vaca. Mas o projeto visa diminuir a quantidade de vacas por produtores e aumentar a quantidade de leite. Como? Seguindo os moldes já utilizados pelas cadeias de frangos e suínos. O projeto de integração, previsto para estar totalmente implantado em cinco anos, irá fornecer 200 mil vacas leiteiras de alta produtividade (cerca de 20 litros de leite/dia) aos produtores parceiros. Para isso, a Integralat adquiriu a In Vitro, empresa especializada em biotecnologia, com know-how em fertilização in vitro e transferência de embriões. A regra é simples: descartar as vacas de baixa produção e substituí-las por matrizes mais produtivas. Pela parceria, a Integralat entra com vacas, ração e assistência técnica e o integrado fica responsável pela produção e pelos investimentos em equipamentos. Os integrados estão sendo divididos em microrregiões, cada uma composta por 50 produtores, cada um com no mínimo 40 vacas. Estes pecuaristas serão vinculados a uma fazenda-sede. Neste primeiro momento, os investimentos da Integralat são da ordem de R$ 70 milhões.

INTEGRALAT

R$ 70 MILHÕES é o investimento inicial na primeira fase do projeto da Parmalat

Por ser um projeto que tem como lema a sustentabilidade, a integração prevê a construção de biodigestores, uma alternativa de geração de energia a partir do estrume do animal para as propriedades que ainda não possuem eletricidade. A iniciativa tem ainda um lado ambiental: economia de água e redução da emissão de gases metano, emitidos pelos rebanhos. Além disso, o produtor que fizer reutilização da água e cuidar da mata ciliar irá ganhar um ágio pelo litro do leite. Todo este empenho no projeto de integração tem por finalidade manter as prateleiras sempre abastecidadas.