Os brasileiros ficaram mais propensos às compras em fevereiro, de acordo com dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A Intenção de Consumo das Famílias (ICF) avançou 1,3% em relação a janeiro, já descontados os efeitos sazonais.

O ICF subiu a 95,7 pontos, o maior nível desde o início da pandemia de covid-19, embora ainda esteja em patamar considerado desfavorável (abaixo dos 100 pontos). Na comparação com fevereiro de 2022, o indicador teve um crescimento de 23,3%.

Segundo a CNC, há expectativa de melhora nas condições de consumo como reflexo de uma inflação mais branda. No entanto, a entidade pondera que a perspectiva de consumo tem avançado mais do que o nível de consumo desde outubro do ano passado.

Na passagem de janeiro para fevereiro, o avanço na intenção de consumo foi puxado pelas famílias de renda mais baixa. No grupo que recebe até 10 salários mínimos mensais, o ICF subiu 1,1%, para 93,1 pontos, ainda na zona negativa, mas o patamar mais elevado desde março de 2020. No grupo mais rico, com renda familiar superior a dez salários mínimos mensais, a intenção de consumo teve ligeira alta de 0,1%, para 109,0 pontos, na zona favorável.

“Os consumidores de rendas média e baixa acreditam que as condições de consumo vão melhorar ao longo do primeiro semestre e estão confiantes de que a inflação seguirá moderada”, apontou a CNC, em nota.

Em fevereiro ante janeiro, apenas um dos sete componentes do ICF registrou retração: acesso ao crédito, com queda de 0,5%, para 91,3 pontos.

“A alta dos juros e o avanço da inadimplência encarecem e reduzem a oferta de recursos pelas instituições financeiras”, justificou a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa da CNC, em nota oficial.

Os componentes com avanços em fevereiro ante janeiro foram emprego atual (0,2%, para 119,7 pontos), renda atual (1,6%, para 111,0 pontos), nível de consumo atual (0,8%, para 79,7 pontos), perspectiva profissional (0,4%, para 111,4 pontos), perspectiva de consumo (3,5%, para 101,8 pontos) e momento para aquisição de bens duráveis (1,1%, para 54,8 pontos).

No recorte por gênero, a intenção de consumo avançou mais em fevereiro entre as mulheres, aumento de 2,7% ante janeiro, do que entre os homens, alta de 1,2%. Enquanto a satisfação com o nível de consumo e a expectativa de consumir nos próximos três meses cresceu mais entre o público feminino, o os homens ficaram menos satisfeitos com o emprego e com as compras a prazo. Na comparação com fevereiro de 2022, houve alta de 26% na intenção de consumo das mulheres e 23,1% na dos homens.