28/03/2024 - 15:07
Por Sérgio Vieira
Os desafios para o produtor brasileiro, em que pese todo o tamanho da nossa safra e os resultados recordes da agricultura no País, não têm sido fáceis de ser transportados. Primeiro veio a pandemia da Covid-19, com a necessidade do isolamento social e os enormes gargalos logísticos daquele período. Depois veio a intensificação das mudanças climáticas e os enormes impactos nas lavouras, que ainda estão entre as preocupações do setor. “O agricultor teve que adequar o timming no plantio em função desse clima. A gente percebeu o impacto disso para a indústria do agronegócio no Brasil”, disse Paulo Celso Mathias, diretor de operações e supply chain de soluções para agricultura da Basf na América Latina.
A gigante global do setor de defensivos agrícolas enxerga esses cenários de travessia e tem buscado alternativas para facilitar a vida do agricultor, oferecendo novas tecnologias e soluções ainda mais rentáveis. Nesse sentido, a companhia concluiu um ciclo de investimentos de 15 milhões de euros no Brasil em novas estruturas, justamente para proteção de cultivos e de sementes.
Os recursos foram direcionados para:
• o aumento de 45% da capacidade de produção da planta em Guaratinguetá (SP), que recebeu 13 milhões,
• e o restante para a implementação do laboratório de análise de sementes de algodão em Primavera do Leste (MT).
O Brasil tem recebido aportes importantes da matriz, dada sua relevância no resultado da companhia no setor agrícola. Em 2022, a divisão de soluções para agricultura da Basf regou vendas de 10,3 bilhões de euros. Desse total, a América Latina representa mais de 20%, sendo o Brasil o principal mercado. “Trazer investimentos para o Brasil sempre fez parte de nossa estratégia. Nosso objetivo é sempre estar próximo dos mercados onde a gente comercializa nossos produtos, até para mitigar essas questões logísticas dos últimos anos”, afirmou Mathias.
A expansão do parque fabril em Guarantiguetá, que é o principal centro produtivo da Basf na América Latina, tem como objetivo garantir ainda mais agilidade, flexibilidade e segurança na produção de mais soluções para a proteção das plantações, principalmente de novos produtos à base do fungicida revysol, que foi o maior lançamento global da divisão de soluções para a agricultura da empresa nos últimos anos.
Da nova capacidade de produção do site industrial, mais da metade será destinada aos itens criados a base de revysol. Entre 2023 e 2030, serão seis novos ingredientes ativos no Brasil, sendo fungicidas, herbicidas, inseticidas e tratamentos de sementes. “A gente pretende lançar novas formulações para a próxima safra. Por isso a necessidade de ampliação do site para atender a demanda sobre esse volume”, disse o executivo. Os produtos da Basf são direcionados aos cultivos de soja e algodão. Há novos pedidos de registros em andamento para atender outras culturas.
“Nós temos o compromisso de melhorar as ações sustentáveis nas etapas de produção.”
Paulo Mathias, diretor de Operações e Suplly Chain
Na planta do Mato Grosso, os investimentos alocados garantiram a criação de uma estrutura de 400 m², dentro de um centro de distribuição estratégico na região Centro-Oeste do País, assegurando mais agilidade na realização de testes.
O laboratório de Primavera do Leste tem capacidade para analisar cerca de 500 mil sacas de sementes de algodão por safra. O próximo passo é ampliar o projeto para atender parte das análises de sementes de soja.
Globalmente, além deste, a Basf mantém dois laboratórios do tipo: em Trindade (GO) e nos Estados Unidos. Anualmente, a companhia investe cerca de 950 milhões de euros em pesquisa e desenvolvimento em todo o mundo, o que representa mais de 2,5 milhões de euros aplicados por dia em busca de novas formulações.
O investimento em novas tecnologias gera um círculo virtuoso para a Basf, que é também de garantir um processo produtivo cada vez mais sustentável e com menos emissões de gases de efeito estufa. Na unidade de Guaratinguetá, as iniciativas adotadas nesse ciclo de investimentos, que começou no segundo semestre de 2022 e chegou ao fim na metade do ano passado, garantiram redução de 15% no consumo de água da unidade, além da diminuição de emissão em mais de 650 toneladas de CO² no processo produtivo.
“A gente trouxe tecnologias mais modernas, que impactam muito menos o meio ambiente. Nós temos o compromisso de melhorar nossas ações de sustentabilidade em todas as etapas de produções, inclusive nos processos mais antigos”, afirmou o diretor da Basf. A divisão de soluções para a agricultura da companhia tem como meta, até 2030, redução de 30% de CO² por tonelada de cultivo produzido para ajudar os agricultores a se tornarem mais eficientes em carbono e garantir ainda mais resiliência em relação às mudanças climáticas.
A Divisão de soluções para a agricultura da Basf gerou vendas de 10,3 bilhões de euros. A América Latina representa 20% do total, sendo o Brasil o principal mercado na região
De uma forma, a companhia planeja reduzir em 25% as emissões mundiais de gases de efeito estufa até 2030. Na América do Sul, a Basf alcançou a diminuição de 24 mil toneladas de CO² equivalente por ano. O objetivo principal é de zerar globalmente as emissões líquidas de dióxido de carbono até 2050. Também há o foco na redução de 25% no consumo de metros cúbicos de água captada por tonelada produzida na América do Sul.
A Basf planeja aumentar em 7% ao ano a parcela de soluções sustentáveis, fazendo com que o portfólio da empresa seja cada vez mais voltada para iniciativas que tragam soluções tecnológicas e ambientais. “Esse é um caminho sem retorno. Cada vez mais queremos lançar produtos que atendam a essa expectativa do produtor e que possa gerar em um resultado ambiental ainda melhor. O Brasil é muito eficiente nessa questão e temos condições de avançar nessa trilha”, disse Mathias.