01/03/2021 - 14:34
Os investimentos do governo federal no setor de transportes recuaram 4% em 2020 em relação a 2019, registrando um total de R$ 8,3 bilhões, o menor nível desde 2005, de acordo com levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) com base nos dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do governo federal (Siafi).
Os gastos de R$ 8,3 bilhões em 2020 consideram os recursos investidos pelo Ministério da Infraestrutura, pela Infraero e pelas sete companhias docas federais. O valor representa cerca de apenas um terço do registrado no melhor momento da série histórica, em 2010, quando os investimentos federais em transportes alcançaram R$ 24,3 bilhões (considerando a correção pelo IPCA no período).
Naquele ano, foram autorizados R$ 31,4 bilhões para investimentos no setor, enquanto em 2020 o valor previsto no orçamento foi de R$ 9,8 bilhões – ou 68% a menos do que em 2010. A CNI reconhece que a redução progressiva da capacidade de investimento do setor público nos últimos dez anos é um reflexo da crise fiscal e econômica que o País ainda enfrenta.
“Vale destacar que, nos últimos dois anos, o Ministério da Infraestrutura executou praticamente a totalidade dos recursos autorizados para investimentos, resultando em mais de 90 obras entregues apenas em 2020, ano ainda mais desafiador ao andamento dos empreendimentos em função da pandemia”, destaca o gerente executivo de Infraestrutura da CNI, Wagner Cardoso.
O pasta de Infraestrutura respondeu por R$ 7,8 bilhões em investimentos em transportes no ano passado, equivalentes a 92% do seu orçamento para o ano. Já a Infraero investiu R$ 443,7 milhões, ou somente 21% do volume autorizado. O conjunto de companhias docas investiu R$ 40,8 milhões, ou apenas 7% do total autorizado para 2020.
Para a CNI, a retomada dos investimentos em transportes no Brasil depende do andamento da agenda de reformas, como a tributária e administrativa, além da modernização de marcos legais de infraestrutura.
“A continuidade e aprofundamento dos processos de concessão e de privatização adotados até o momento são questões chave para intensificar o processo de recuperação e auxiliar na pavimentação de um novo ciclo de crescimento com base na expansão do investimento”, acrescenta o especialista em Infraestrutura da CNI, Matheus de Castro.