10/09/2020 - 14:48
De olho no crescimento do mercado imobiliário, o Itaú Unibanco acaba de anunciar um pacote de novas linhas voltadas ao setor, com foco tanto nas pessoas físicas quanto nas incorporadoras, atendendo, assim, uma demanda de mercado. Uma das novas linhas é uma modalidade de financiamento atrelada ao rendimento da poupança, algo inédito no País. Outra, bastante esperada, é a possibilidade de crédito com a garantia de um imóvel ainda financiado. Por último, uma linha voltada às incorporadoras, para a construção de imóveis, ou seja, financiamento do início do ciclo de vida de um imóvel. Com isso, o Itaú fecha o círculo em torno do setor, com grande potencial de crescimento no Brasil: financiará a construção do imóvel, a sua compra pela pessoa física e, depois disso, aceitará o mesmo, ainda financiado, como garantia para novas linhas de crédito.
“Com o novo patamar de juros e o momento de retomada, a gente viu uma resiliência do setor na pandemia e o início de retomada com força no mercado imobiliário. Houve uma aceleração ds níveis de financiamento. Em julho tivemos níveis recorde de financiamento e em agosto e setembro deve seguir crescendo”, destacou, em coletiva de imprensa, o diretor executivo do Itaú Unibanco, Alexandre Zancani, que acaba de completar nove meses no banco.
Segundo ele, por trás do lançamento está o objetivo da instituição financeira de “liderar a mudança do crédito imobiliário no Brasil”, que tem potencial de multiplicar de tamanho, tendo em vista o já notado em outros países, nos próximos anos.
A novidade nesta semana é a linha de crédito imobiliário indexada à poupança. A cobrança será uma taxa fixa de 3,99% mais o rendimento da poupança, hoje em 1,4%, levando à taxa cobrada, caso a contratação fosse hoje, em 5,39%, cerca de 25% abaixo da média cobrada pelo mercado atualmente.
“Aproveitamos um momento de mercado para liberar um patamar de taxas que antes não eram viáveis. Com essa inovação, conseguimos liberar um potencial de ofertar uma taxa fixa que varia conforme o rendimento da poupança, que é uma referência da Selic”, disse Zancani.
Um dos diferenciais, frisou, é que a poupança tem um teto para o rendimento, de 6,17% pelas regras do Banco Central, fazendo com que a cobrança máxima da nova linha seja de 10,16% ao ano.
Segundo ele, no período de testes, a aceitabilidade da nova linha foi bastante boa, em especial na mais alta renda. “De acordo com o patamar de juros será mais atrativa uma linha ou outra”, frisou. No financiamento imobiliário tradicional, o banco reduziu a todos clientes a taxa de TR + 7,3% ao ano para TR + 6,9% ao ano. Nessa linha, ao contrário da linha atrelada à poupança, o cliente sabe, ao contratar a linha, quanto pagará durante todo o contrato
O diretor de Crédito Imobiliário do Itaú Unibanco, Danilo Caffaro, afirmou que a ideia do banco não é de substituir nenhuma linha, mas sim de aumentar o leque de produtos disponíveis da casa, para escolha do cliente. Segundo o executivo, o Itaú estava em busca de uma forma de conseguir repassar a queda recente da Selic, hoje no piso histórico de 2%. “Era fundamental ter esse teto (da taxa) para a geração de valor desse produto”, disse Caffaro.
A nova linha valerá para imóveis residenciais, terá até 30 anos de prazo para pagamento e exigirá uma entrada mínima de 18% do valor de avaliação do imóvel. O potencial, segundo ele, é enorme, dado que suas características o torna muito atrativo no mercado.
O diretor Comercial Imobiliário no Itaú BBA, Thales Ferreira, disse que a instituição financeira vem conversando intensamente com os empresários do setor e por isso nasceu a linha de crédito voltada às incorporadoras, de forma a atender essa demanda. “Queremos participar das discussões estratégicas, o momento do setor é muito positivo. O novo patamar estrutural de juros, a reserva de valor, o grande déficit habitacional que continua como uma alavanca de crescimento, o melhor arcabouço jurídico e as novas formas de vendas”, destacou Ferreira.
Segundo o executivo do Itaú BBA, o objetivo, assim, é “participar da solução ao setor do início ao fim”, com uma proposta agregada para a pessoa jurídica e para as pessoas físicas.
Para fechar o círculo de crédito voltado ao setor imobiliário, o Itaú também está lançando o crédito com a garantia de imóvel que ainda está financiado, o chamado “home equity”, modalidade já muito desenvolvida em outros países. Para essa nova linha, possível após resolução do Banco Central, o cliente com imóvel financiado no Itaú poderá pegar um novo crédito – que pode ser utilizado para qualquer propósito.
Pelas regras, o cliente poderá pegar o mesmo valor do saldo devedor, com a limitação de até 90% do valor do imóvel. O pagamento dessa nova dívida será dividida pelo prazo do financiamento do imóvel que foi dado em garantia.
Para liderar esse novo momento do crédito imobiliário, com os juros no Brasil no seu piso histórico, Zancani disse que há outras ideias já na mesa, e alguns testes já sendo feitos. O executivo disse que hoje essa área tem trabalhado lado a lado com o setor de tecnologia.