11/08/2022 - 7:01
A deputada estadual Janaina Paschoal subiu o tom nas críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem apoiou e de quem quase foi vice em 2018. Na primeira entrevista da série do Estadão com postulantes ao Senado em São Paulo, a candidata do PRTB disse que Bolsonaro está “fazendo tudo” para lhe destruir. “Ele (Bolsonaro) lançou o astronauta (ex-ministro Marcos Pontes) para me atrapalhar. Tenho muito potencial de votação”, afirmou a parlamentar de 48 anos. Leia a seguir trechos da entrevista.
A sra. apoia o presidente Jair Bolsonaro? Vai fazer campanha para ele?
Provavelmente vou votar nele porque não voto na esquerda e hoje temos uma divisão muito clara. Os candidatos que se apresentam como alternativa a Lula e Bolsonaro têm 1% de intenção de voto. O candidato que tinha potencial o sistema neutralizou: o Sérgio Moro. Mas é subir no palanque de uma pessoa (Bolsonaro) que está fazendo tudo para lhe destruir.
Jair Bolsonaro quer destruir a sra.?
Não tenho dúvida disso. Eu coloco o País acima, de verdade. Entendo que a esquerda voltar é algo ruim, por isso (voto) no Bolsonaro. Mas o que ele está fazendo para me atrapalhar… Ele não precisaria me apoiar. Entendo que não tenho o perfil das pessoas que o circundam, que são pessoas que o aplaudem em qualquer circunstância. Mas ele lançou o astronauta (Marcos Pontes) para me atrapalhar. Tenho muito potencial de votação. A última pesquisa me deu 16% (de intenção de voto). Ele disse que o astronauta é o candidato dele. Bolsonaro tem um público cativo que obedece a qualquer ordem. O eleitorado que naturalmente estaria comigo se dividiu. Numa eleição de um único turno esse movimento é fatal. Bolsonaro está, na verdade, agindo para eu não chegar ao Senado. Ele prefere dar a cadeira para a esquerda do que permitir que uma pessoa que não é aduladora chegue ao Senado. Eu não me dobro.
A sra. acha que Bolsonaro não a escolheu por isso?
No primeiro biênio, teria sido muito difícil o nosso convívio se eu fosse vice dele. Eu demorei para entender como ele funciona. Eu demorei muito para entender essas convocações para manifestações. Eu teria batido muito de frente com ele. Foi a melhor decisão.
Essa sua posição não deixa o eleitor confuso?
Nunca me apresentei como uma bolsonarista. Eu disse e digo: não quero o PT no comando do meu País e a esquerda de volta. Qual alternativa que tínhamos em 2018? Bolsonaro. Em 2022? Bolsonaro. É uma decisão de racionalidade, e não de adesão. Mas para o petismo e o bolsonarismo só vale a adesão.
A sra. assinou o manifesto e vai ao ato na Faculdade de Direito da USP pela democracia? O movimento teve apoio do ex-ministro Miguel Reale Júnior, que assinou com a sra. o impeachment da Dilma Rousseff.
Não assinei e não assinarei. Mas não diminuo o movimento. Conheço muitas pessoas que votaram no presidente Bolsonaro e assinaram. Neste momento histórico, a carta se transformou em um manifesto pró-Lula. Também não assinei o manifesto-resposta que a deputada Bia Kicis organizou. Não é o momento.
A sra. apoiará Tarcísio de Freitas para governador?
Eu não sei. Ele não foi leal comigo. Me disse que eu era a predileta para fazer par na chapa, mas fecharia com o Datena porque ele tinha 33% de intenção de voto. Eu entendi. Só que o Datena saiu. Aí tentaram o Feliciano, Carla Zambelli, Skaf e acabaram lançando o astronauta. Qual o argumento agora, se eu tenho 16% e ele 10%?
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.