20/10/2025 - 15:13
A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, inclui uma atração que promete impressionar principalmente as crianças. Uma réplica inflável de uma baleia jubarte adulta, com 14 metros de comprimento, foi instalada no gramado de entrada do arboreto, principal espaço de visitação pública da unidade de conservação. Com atividades gratuitas e educativas, a programação começou nesta segunda-feira (20) e vai até o próximo domingo (26).
Os visitantes poderão ter uma experiência imersiva e entrar na baleia para conhecer a sua anatomia e a importância da conservação do animal, que visita a costa do Brasil durante o inverno. Na réplica, que pertence ao Projeto Baleia Jubarte, o público vai observar, em escala real, o corpo do animal e seus principais órgãos.
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“O Projeto Baleia Jubarte é uma organização não governamental que desenvolve também ações de pesquisa e de educação ambiental. Eles têm essa baleia em tamanho real, e a gente pode entrar nela e ver a estrutura dela por dentro. É sucesso total”, completou o coordenador, Paolo de Castro Massoni, em entrevista à Agência Brasil, destacando que é uma atração para as crianças.
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Pesquisador e coordenador do Núcleo de Extensão do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Massoni contou que o Projeto Baleia Jubarte também disponibilizou para a programação uma réplica, em fibra em tamanho real, da cauda de um espécime, com cerca de quatro metros de largura. A peça está no gramado e faz parte da exposição. “Está muito bonita. Ficou uma montagem bem legal”, adiantou.
De acordo com o pesquisador, a baleia jubarte quase chegou à extinção, em consequência da caça indiscriminada que durou séculos e foi intensificada por tecnologias modernas no Século 19, como o navio a vapor e o canhão-arpão.
“A matança reduziu as jubartes do Atlântico Sul a poucas centenas de animais, até ser proibida totalmente em 1968. Em 2014, a jubarte saiu da lista oficial de espécies ameaçadas, e está rumo à recuperação total da sua população”, relatou Massoni.
‘Planeta Água’
Indicado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o tema da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia neste ano é Planeta Água: cultura oceânica para enfrentar as mudanças climáticas no meu território. A programação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro conta com mais de 30 atividades, e os visitantes poderão ainda participar de trilhas guiadas, realidade virtual, exposições e palestras. As atividades são educativas, baseadas na cultura oceânica e gratuitas. Para acessar o arboreto, não é preciso adquirir o ingresso do parque.
Paolo de Castro Massoni explica que a exposição é uma atividade de extensão do Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico. “Assim como as universidades, a gente tem atividades de ensino, de pesquisa e de extensão. As de extensão são as atividades que a gente faz para a comunidade, a sociedade como um todo. A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia é uma dessas atividades, e uma agenda do Ministério da Ciência, Tecnologia. Este ano, o tema é cultura oceânica. Por isso, a baleia e outras atividades que tratam sobre o mar, o oceano”, informou.
Massoni disse que o tema central foi um desafio para os especialistas do Instituto, porque, ainda que o Jardim Botânico do Rio de Janeiro conte com um laboratório sobre algas, boa parte das pesquisas desenvolvidas são relacionadas a ecossistemas terrestres.
“Convidamos instituições e grupos de pesquisa de universidades que tratam do tema oceano, e estamos realizando a semana neste sentido”, contou.
Visitas guiadas
Algumas atividades, como as visitas guiadas, não abordam especificamente o tema do oceano, mas a questão ambiental como um todo, destacando a importância dos ecossistemas terrestres e do bioma mata atlântica, que tem interação com o mar, explica o coordenador.
“É um bioma que está na costa e tem restingas e manguezais. [As trilhas] Não são diretamente sobre o oceano, mas, no sentido ambiental, têm uma interação. São temas que a gente aborda aqui também”, afirmou, acrescentando que, entre essas atividades, o ICMBio levou para a programação informações sobre a Reserva Extrativista de Arraial do Cabo.
Uma das visitas guiadas é ao cactário, onde estão espécies de cactáceas nativas das restingas, “mostrando a diversidade dessas plantas adaptadas a solos arenosos, alta salinidade e intensa radiação solar, além dos desafios para sua conservação diante das mudanças climáticas, urbanização litorânea e perda de habitat”.
Outra atração é a Trilha das Abelhas sem Ferrão ─ Polinizadoras de Manguezais e Restingas. Nesta atividade, o público vai fazer um trajeto pelo arboreto e conhecer os ninhos naturais de abelhas sem ferrão, passando pelo meliponário, para observar outras espécies e provar os seus méis. Para o coordenador, pode ser uma forma de o público perder o medo de abelhas.
“São abelhas e colmeias que já ficam aqui no Jardim Botânico, no arboreto. É uma das trilhas temáticas que a gente está mostrando, com cerca de dez espécies de abelhas nativas”, afirmou.
O pesquisador explicou que o arboreto é uma coleção viva, o que diferencia o Jardim Botânico de um parque nacional convencional. “Por isso que tem restrições, não pode fazer picnic em qualquer lugar, não pode jogar bola. Ele é uma coleção biológica viva, então, todas as árvores são catalogadas e controladas. Tem toda uma pesquisa que controla elas”, pontuou.