27/01/2015 - 16:10
O gaúcho José Roberto Pires Weber, criador de gado angus desde 1991, assumiu neste mês a presidência da Associação Brasileira da raça (ABA ), para o biênio 2015-2016. Weber, que foi vice-presidente nos últimos quatro anos, vai comandar a entidade pela terceira vez. A ABA possui 401 associados e tem sob sua guarda um dos principais projetos de carne de qualidade do País, o Programa Carne Angus Certificada.
Qual a meta de crescimento para a carne certificada, em 2015?
Aumentar o abate em até 20%, chegando a 400 mil animais. Em 2014, os abates somaram 330 mil reses, com carcaças pesando 240 quilos em média. Foi um bom desempenho.
O que deve ser feito para atingir a meta?
Continuar reivindicando junto aos frigoríficos uma maior bonificação para os animais. O produtor ganha entre 10% e 15% sobre o preço de mercado, mas podeia ser mais.
A certificação vai ao encontro do que é feito nas fazendas?
De certo modo sim, mas há resistência do pecuarista em entregar um animal com até 24 meses, ou quatro dentes, que é o padrão da ABA. Fui questionado se não poderíamos fazer como em outros projetos e afrouxar para seis dentes ou mais, o que significa animais acima de 30 meses.
Seria possível atender a esse anseio?
Acredito que a mudança de regra comprometeria o programa, pois o objetivo é vender carne de qualidade e de animais jovens.
Regras mais rígidas têm aumentado a disputa por animais para abate?
Atualmente, há disputa pelo angus para vários projetos de carne de qualidade. De certa forma, é um bom problema. Pela concorrência, no programa da ABA temos dificuldade para crescer mais rapidamente, mas para a raça, de modo geral, ela é excelente.
Isso atrai mais criadores para a raça?
A disputa sinaliza ao pecuarista que se ele aderir ao angus, mesmo não participando do programa da associação, a carne de seus animais vai ser mais bem remunerada. Isso é bom para o mercado de genética.
O angus continuará a ser o maior vendedor de sêmen em 2014, repetindo o que ocorreu em 2013?
Os dados oficiais saem em março, mas já posso dizer que no ano passado também vendemos mais sêmen do que qualquer outra raça no País. Em 2013, foram vendidos 3,4 milhões de doses, o que representa 44% do mercado. Neste ano, o angus vai conquistar 50% do mercado de sêmen.
Mas grande parte das doses ainda é importada…
Há duas questões. Quase todas as empresas que vendem sêmen são multinacionais, com muito material genético disponível. E nós não temos capacidade de produção própria para dar conta da atual demanda.
O que mais poderia ser feito para agregar valor à carne bovina?
Definitivamente, o consumidor quer saber de onde vem a carne que ele está adquirindo. Essa é uma exigência mundial, não há volta. Eu, por exemplo, rastreio meu rebanho há oito anos e o frigorífico Marfrig me paga R$ 100 por animal.
Mas também há ônus em rastrear…
Certamente, mas para acessar mercados que pagam mais é preciso agregar valor com qualidade, garantindo procedência e sanidade.