Os juros futuros começaram a semana com leve alta, numa sessão de liquidez fraquíssima imposta pela ausência de negócios em Wall Street. Os últimos quatro dias de baixa deixaram espaço para uma realização de lucros que, no entanto, foi discreta considerando o tamanho da queima de prêmios na semana passada. Sem os mercados em Nova York e sem destaques internos – a pesquisa Focus trouxe poucas novidades -, a curva hoje ficou a mercê de fatores técnicos e fluxos pontuais.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 encerrou em 13,220%, de 13,168% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2025, em 11,50%, de 11,43%. O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 10,97%, de 10,94% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2029 ficou em 11,29%, de 11,28%.

O sinal positivo das taxas se instalou logo pela manhã, alinhado ao movimento de correção que se via nos segmentos de ações e câmbio que, assim como na renda fixa, ficaram reféns do giro fraco. Hoje é feriado nos Estados Unidos, o Memorial Day, em homenagem aos militares norte-americanos mortos em guerras, e, por isso, os mercados não operaram por lá. “O fechamento do mercado dos EUA tende a enfraquecer a liquidez e a tomada de novas posições”, disse o economista-chefe da JFTrust, Eduardo Velho. Para se ter ideia, o DI mais líquido, janeiro de 2025, movimentou apenas 245 mil contratos, ante média diária de 639 mil nos últimos 30 dias.

Após o bull flattening da curva na semana passada, Velho vê o mercado bem ajustado e com menos espaço para novas quedas, uma vez que também acredita que o investidor já precificou de forma plena a aprovação do arcabouço fiscal pelo Congresso. Esta semana o texto deve começar a tramitar no Senado.

Do lado externo, ele cita expectativa de nova alta dos juros pelo Federal Reserve em junho, de 25 pontos-base, e de números ainda altos do payroll que sai na sexta-feira, o que estaria “induzindo menos espaço, ou então mais tempo, para o início da queda dos juros”. Ainda, para o economista, o mercado pode estar antecipando que os dados fiscais, que saem amanhã e na quarta-feira, ainda serão fracos comparativamente a 2022.

Também amanhã a instituição realiza leilão de NTN-B e resta saber se a oferta virá tão elevada quanto na semana passada, quando foi ofertado um lote 2,5 milhões de títulos, absorvido integralmente. Hoje, o Tesouro divulgou o relatório da dívida referente a abril, segundo o qual a emissão líquida de R$ 92,3 bilhões naquele mês foi a maior desde junho de 2021. No ano, o saldo ainda é de resgate, R$ 125,82 bilhões, pressionado pelas elevadas torres de vencimento em janeiro e março. “Ao longo do ano temos outras pela frente. A maior torre que teremos é a de setembro, algo em torno de R$ 300 bilhões”, disse o coordenador-geral de Operações da Dívida Luis Felipe Vital.

Pelo lado da inflação, a pesquisa Focus trouxe alívio na mediana de IPCA em 2023, de 5,80% para 5,71%, na esteira do IPCA-15 de maio mais baixo e da sequência de revisões baixistas que se seguiu à divulgação do índice. Não houve, no entanto, alteração nas medianas para 2024 (4,13%) e 2025 (4,00%). Todas elas se mantêm acima do centro das metas definidas pelo Conselho Monetário Nacional.