29/12/2022 - 8:38
Principal operador político do governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos), o ex-prefeito Gilberto Kassab bloqueou a presença de tucanos na nova gestão em São Paulo e planeja uma ofensiva sobre os prefeitos do PSDB no Estado. Presidente nacional do PSD, Kassab será secretário de Governo de Tarcísio, cargo responsável pela articulação com deputados estaduais e prefeituras.
A eleição do ex-ministro de Jair Bolsonaro representou o fim de um domínio de 28 anos dos tucanos no Estado. Durante esse período, o PSDB usou o poder de atração da máquina para arregimentar apoio atualmente em 220 das 645 prefeituras paulistas. Cinquenta destes prefeitos se filiaram ao partido em abril, quando João Doria ainda era um presidenciável e seu vice, Rodrigo Garcia (PSDB), se preparava para disputar a reeleição ao Palácio dos Bandeirantes.
Fora do segundo turno, Garcia anunciou apoio a Tarcísio na disputa contra Fernando Haddad (PT), em uma tentativa de preservar parte do espaço do PSDB no primeiro escalão. A estratégia, no entanto, não surtiu efeito, e os tucanos já preveem a implosão de sua capilaridade no Estado a partir do ano que vem.
Em conversas fechadas, aliados e auxiliares de Tarcísio reforçam a tese de que não existe espaço vazio na política e avaliam que o futuro governador, que disputou sua primeira eleição, precisa construir um grupo político para se preparar para 2026 – quando poderá disputar a reeleição ou até mesmo a Presidência da República.
Além disso, segundo um interlocutor do governador eleito, o PSDB “castigou muito” Tarcísio durante a campanha, avançou sobre prefeitos do PSD quando estava no governo e descartou Kassab, que chegou a ser nomeado secretário da Casa Civil de Doria em 2019, mas não exerceu o cargo.
Vácuo
O projeto do PSD de Kassab, por sua vez, é ocupar esse vácuo político, se transformar no maior partido de São Paulo e, assim, pavimentar o projeto de poder de Tarcísio, que poderia até, no futuro, se filiar à legenda. A sigla projeta ainda ganhar a prefeitura de cidades médias do Estado.
“O Kassab apostou todas as suas fichas no Tarcísio quando ninguém o conhecia e venceu. Tenho certeza de que, em pouco tempo, o PSD naturalmente vai atrair muitos prefeitos de outras siglas. Vamos ser o maior partido de São Paulo”, disse o sindicalista Ricardo Patah, presidente da UGT, que integra as executivas estadual e nacional do PSD.
De acordo com líderes tucanos, uma saída para o PSDB não perder musculatura é ampliar a federação com o Cidadania, agregando outros partidos, como o Podemos e até o PSC. O projeto previa ainda formar uma grande frente, incluindo o MDB, mas essa ideia não avançou.
Nunes
Os quadros remanescentes do governo Bruno Covas seguem abrigados na Prefeitura de São Paulo em cargos de primeiro e segundo escalões, além de subprefeituras e autarquias. A manutenção desses espaços, porém, está condicionada ao apoio à reeleição de Ricardo Nunes (MDB) em 2024.
Se isso acontecer, o PSDB perderá o protagonismo em São Paulo e se tornará um “partido-satélite” de outras forças políticas. “É natural que haja uma migração de prefeitos do PSDB”, admitiu o prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando (PSDB).
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.