28/10/2025 - 16:54
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) confirmaram oficialmente a formação da La Niña em 2025 – diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico – com 71% de chances de permanecer até fevereiro de 2026. Diante da confirmação do fenômeno, a expectativa agora é de ocorrência de chuvas mais intensas para parte dos estados das regiões Norte e Nordeste do Brasil durante a safra 2025/26.
Apesar de estar avaliado como de baixa intensidade, o fenômeno climático tende a trazer chuvas acima dos volumes históricos. Se por um lado a La Niña pode favorecer a disponibilidade hídrica, no solo, por outro, tende a trazer mais custos para controle de doenças e comprometer a qualidade dos grãos durante a colheita.
De acordo com Frederico Dellano, consultor de desenvolvimento de produtos da TMG, os impactos não devem ser ignorados. “O produtor precisa antecipar-se e planejar o manejo para lidar com períodos de maior umidade, pois isso pode intensificar a ocorrência de nematoides, favorecer doenças fúngicas e comprometer a qualidade dos grãos na colheita”, explica.
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Entre as principais recomendações estão a escolha adequada de cultivares e o preparo da estrutura de plantio. “É importante selecionar cultivares adaptadas às condições da região e resistentes às doenças mais recorrentes. Além disso, o agricultor deve organizar a logística de insumos, realizar a manutenção e regulagem de máquinas com antecedência para aproveitar os intervalos entre as chuvas, evitando perdas de janela de plantio”, orienta Dellano.
O consultor lembra que não é recomendado realizar o plantio em períodos em que o solo esteja encharcado, devido ao aumento dos riscos de compactação e prejuízos o desenvolvimento da lavoura. Com a expectativa de chuvas durante a colheita, o aumento da umidade pode fazer com que ocorra a germinação dos grãos ainda nas vagens, gerando perdas de qualidade e surgimento de doenças de final de ciclo.
Apesar dos desafios, o consultor lembra que os anos de La Niña podem ser mais favoráveis no Norte em relação a períodos de El Niño, quando o volume de chuvas costuma ser menor. “O excesso de água exige cuidados adicionais, mas com planejamento é possível manter bons resultados produtivos. Este La Niña, mesmo sendo fraco, merece atenção redobrada principalmente nos períodos críticos da cultura”, conclui.
Volatilidade no mercado
Historicamente, anos de La Niña costumam vir acompanhados de maior volatilidade nos preços dos grãos. Segundo Isabella Pliego, analista de inteligência e estratégia da Biond Agro, “se houver quebras no Sul do Brasil e na Argentina, o mercado internacional pode reagir com valorização dos prêmios de exportação, abrindo boas oportunidades para o Brasil”.
“É o momento de travar preços de forma gradual, utilizar seguro agrícola nas regiões mais expostas e avaliar fixações cambiais. O equilíbrio entre preço, câmbio, seguro e manejo é o que garante estabilidade até o fim da safra”, afirma a analista.
