O economista André Lara Resende aceitou o convite para integrar a equipe de transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo apurou o Estadão. Ex-presidente do Banco Central, Persio Arida também foi convidado. A expectativa é de que ele também aceite participar do time de Lula para a transição de governo.

Lara Resende e Arida são pais do Plano Real e expoentes do pensamento econômico no Brasil. Os dois têm contribuições significativas na academia, no governo e trabalharam no mercado financeiro. Eles se aproximaram da campanha de Lula ao declarar em apoio à eleição do petista. Economista do PT, Guilherme Mello será o terceiro nome da área econômica na equipe transição.

Professor da Unicamp, Mello é da Fundação Perseu Abramo (braço de pensamento econômico do PT), trabalhou na elaboração das diretrizes do programa de governo e integra o grupo dos jovens economistas do partido abertos ao diálogo com terceiros.

A definição para a área econômica na transição acontece depois de atropelos iniciais na negociação com o Congresso em torno da apresentação de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para abrir espaço para despesas fora do teto de gastos em 2023.

O mercado financeiro se assustou com a negociação de ampliação de gastos sem avaliação técnica de restrições orçamentárias. Um grupo de aliados de Lula defende o caminho via crédito extraordinário e consulta ao Tribunal de Contas da União (TCU) para garantir a possibilidade de pagar o Auxílio Brasil de R$ 600 em janeiro de 2023 sem necessidade de PEC.

Os nomes escolhidos não foram formalizados pela campanha, o que deverá ocorrer amanhã, em reunião com Lula. Isso não necessariamente indica que um dos três será ministro da Fazenda. Um nome político para comandar a Fazenda continua como opção de Lula, que vai também recriar o Ministério do Planejamento.

Geraldo Alckmin quer que Arida participe da transição. A expectativa é grande no mercado e no Congresso para as indicações do presidente eleito na próxima semana, quando o time se instalará no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), na capital federal.

Nas eleições de 2018, Lara Resende assessorou a campanha da então candidata Marina Silva (Rede). Persio Arida foi presidente do Banco Central (BC) no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Além disso, foi coordenador econômico do programa econômico de Alckmin, em 2018.

CONVERGÊNCIA. Na economia, Arida e Lara Resende têm algumas posições divergentes: uma delas se refere à Teoria Monetária Moderna (conhecida pela sigla em inglês MMT), abraçada por Lara Resende. Mas são amigos, se respeitam e podem convergir, dizem interlocutores.

Lara Resende tem reforçado que o equilíbrio fiscal é necessário, mas não a qualquer custo. Há muito tempo ele estuda a questão ambiental, que sempre foi tratada de forma periférica pelas equipes econômicas dos governos. Arida também não é um fiscalista radical.

Ambos estão debruçados sobre uma saída para a política fiscal e um novo arcabouço para substituir o teto de gastos. Com o chamado “grupo de seis”, Arida apresentou, antes do primeiro turno, documento com propostas em várias áreas para o novo governo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.