18/02/2016 - 13:05
Nos últimos cinco anos, o mercado brasileiro de defensivos agrícolas cresceu 125%. Entre 2010 e 2014, o volume comercializado de herbicidas, fungicidas, inseticidas e demais controladores de pragas nas lavouras pulou de
R$ 12,8 bilhões para R$ 28,8 bilhões, segundo o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a Defesa Vegetal (Sindiveg). Foi justamente no embalo da busca dos produtores por tecnologias para produzir mais alimentos que a especialista em defensivos agrícolas Ihara, com sede no município de Sorocaba, no interior de São Paulo, tomou corpo. Em 2014, a empresa faturou R$ 1,06 bilhão, ante R$ 966 milhões no ano anterior, depois de investir cerca de R$ 180 milhões em melhorias de infraestrutura. Desde 2010, a companhia quadruplicou a sua área industrial, saindo de 12,7 mil metros quadrados para 53 mil metros quadrados. “Com esse investimento conseguimos reunir tudo em um só lugar”, diz Júlio Borges Garcia, presidente da Ihara. “Além da unidade experimental de pesquisa, estão juntos a sede administrativa, a área industrial, um centro de distribuição e armazenagem e ainda temos espaço para crescer.” Com um pátio fabril maior, a linha de fungicidas e inseticidas, por exemplo, cresceu 225% no período, somando 122 mil toneladas de produtos por ano. Em herbicidas, o acréscimo foi de 392%, totalizando
58,6 mil toneladas anuais.
A Ihara possui 30 moléculas registradas e em comercialização no País, para cerca de 80 culturas, entre elas as principais são soja, milho, cana-de-açúcar, algodão, arroz, café e trigo. Além disso, em 2014 a empresa iniciou a fabricação de uma linha exclusiva de defensivos biológicos com três produtos no mercado; outros 15 estão em desenvolvimento em seus laboratórios. Para o gerente financeiro, Gustavo Urdan, trata-se de um nicho promissor e que já responde por 3% do volume de negócios da Ihara. “Os defensivos biológicos são uma alternativa que complementa o tratamento químico da lavoura, ajudando no manejo de resistência de pragas e doenças”, diz Urdan. Pelo seu desempenho em 2015, a Ihara conquistou pela terceira vez consecutiva o prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL no setor de FERTILIZANTES E AGROQUÍMICOS, além de ficar em segundo lugar em Gestão Financeira entre as Grandes Empresas na categoria Agronegócio Indireto. Fundada em 1965, a Ihara é uma empresa brasileira, porém de capital japonês, controlada por sete acionistas: Nipon Soda, Kumiai Chemical, Sumitomo Corporation, Mitsui Chemical Agro, Sumitomo Chemical, Mitsubishi Corporation e Nissan Chemical, que juntas possuem uma receita global de cerca de US$ 200 bilhões.
A mais recente operação dos acionistas aconteceu em outubro deste ano. Para aumentar a robustez dos negócios no Brasil, os sócios injetaram R$ 320 milhões na empresa, totalizando R$ 965 milhões em caixa. Com o reforço, o plano é fazer da companhia uma grande avalista para seus clientes, em um cenário no qual os bancos estão restringindo a oferta de crédito para não tomar risco de inadimplência. “Em anos anteriores as instituições estavam mais dispostas a correr risco por conta própria”, diz Garcia. “Agora, sermos avalistas em operações de crédito é uma demanda dos bancos”. O empenho da Ihara tem fundamento: ela quer garantir a fidelização de mais clientes para aumentar a sua participação no mercado dos atuais 4,5% para 7%, o que significaria hoje uma receita superior a R$ 2 bilhões. “Por isso continuaremos a investir, agora para aumentar ainda mais o nosso portfólio de produtos.”
A empresa possui uma lista de 20 novas moléculas, das quais 12 são viáveis comercialmente para serem lançadas no mercado brasileiro nos próximos anos. O fortalecimento do portfólio da Ihara está alinhado com as estimativas de crescimento esperado para o setor. Segundo um estudo da consultoria alemã Kleffmann, o mercado brasileiro de agroquímicos deverá crescer em um ritmo médio de 6% ao ano, até 2019, o dobro do esperado para o mercado global. Para Garcia a previsão se estende a outros setores de base do setor. “Fertilizantes e sementes também vão crescer”, diz. “A China continua demandando mais alimentos, e logo a Índia também passará a fazer isso”.