Considerado um artigo de luxo, cujo litro pode custar até 200 euros no mercado europeu, o leite de jumenta vem ganhando destaque não apenas por sua exclusividade, mas por seus notáveis benefícios à saúde. Estudos científicos e relatos históricos reforçam seu valor como um alimento funcional, embora sua produção em baixa escala e o alto custo restrinjam seu acesso ao público geral.

  • ‘Ouro branco’: o alto valor do leite de jumenta deve-se à sua produção limitada e às suas propriedades nutricionais únicas.
  • Comprovação científica: estudos apontam que sua composição é a mais próxima do leite materno humano, sendo rico em vitaminas e componentes antibacterianos, como a lisozima. É também hipoalergênico por ter baixo teor de caseína.
  • Uso histórico: a bebida era recomendada pelo médico grego Hipócrates e, segundo a lenda, utilizada pela rainha Cleópatra em seus banhos de beleza para manter a pele jovem.
  • Produção no Brasil: embora rara, a produção já existe de forma artesanal no país, especialmente na região Nordeste, enfrentando os mesmos desafios de baixa escala e alto custo.

A ciência por trás do mito

A fama do leite de jumenta é respaldada pela ciência. Sua composição é apontada por diversas pesquisas como a mais semelhante à do leite humano entre todos os mamíferos. Ele possui baixo teor de caseína — a principal proteína associada a alergias ao leite de vaca — e é rico em lactose, vitaminas (A, B1, B2, C e E) e minerais.

Um de seus grandes diferenciais é o alto teor de lisozima, uma enzima com forte ação antibacteriana que ajuda a fortalecer o sistema imunológico. Tais características o tornam uma alternativa viável para crianças com alergia à proteína do leite de vaca (APLV) e para pessoas com alta sensibilidade digestiva.

Um legado de Cleópatra ao mercado gourmet

O uso do leite de jumenta não é uma novidade. Hipócrates, considerado o “pai da medicina”, já o prescrevia no século V a.C. para tratar diversas enfermidades. A história, no entanto, popularizou seu uso cosmético por meio da rainha do Egito, Cleópatra, que, segundo relatos, mantinha uma tropa de 700 jumentas para garantir seus banhos diários, acreditando que a prática preservava a juventude de sua pele.

Hoje, além do consumo como bebida, o leite é utilizado na fabricação de queijos finos, iogurtes e cosméticos de luxo.

Desafios da produção e o cenário no Brasil

A principal razão para o alto custo é o baixo rendimento. Enquanto uma vaca leiteira pode produzir dezenas de litros por dia, uma jumenta produz, em média, apenas de meio a um litro diário, e somente durante o período de amamentação do filhote.

No Brasil, a produção ainda é incipiente e concentrada em pequenas propriedades, principalmente no Nordeste, onde há uma cultura histórica de criação de asininos. Os produtores enfrentam o desafio de transformar um animal tradicionalmente de carga em uma fonte de alimento gourmet, buscando agregar valor e criar um novo nicho no agronegócio nacional.

Leia também: A incrível fábrica de leite

Leia também: Primeiro queijo probiótico de leite de cabra do país será produzido no Rio