30/11/2021 - 18:39
Recém derrotado nas prévias do PSDB que definiram o pré-candidato da sigla à disputa presidencial, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, nega que pretenda deixar o ninho tucano, mas cobra do partido e do vencedor das prévias, o governador João Doria (SP), priorizar a construção de uma aliança para derrotar o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nessa mesma linha, Leite afirmou que vai seguir atuando na criação da chamada “terceira via” nas eleições de 2022. “Tanto quanto eu puder ser útil dentro de um processo que ajude a construir uma alternativa pelo PSDB, estou à disposição para ajudar”, disse o governador. “E antes mesmo do PSDB vem o Brasil, acima de tudo vem o Brasil.”
“Minha postura sempre foi estar aberto para negociar com os demais partidos políticos. Se houver alguém com melhor condições de se viabilizar como uma alternativa a Lula e Bolsonaro, entendo que precisamos estar abertos a essa discussão”, afirmou Leite. “Eu espero que João Doria tenha essa mesma disposição de dialogar, de buscar construir uma alternativa para o Brasil.”
Segundo colocado na tumultuada disputa tucana, Leite e Doria trocaram duras críticas ao longo da campanha interna, que teve a impugnação de eleitores dos dois lados – em meio a acusações de que datas reais de filiação ao partido foram alteradas no credenciamento, o que deixou mais de 100 eleitores fora do pleito – e a pane tecnológica que atrasou o processo em quase uma semana.
Apesar da disposição de seguir influenciando o cenário nacional, Leite se volta agora para a própria sucessão no Rio Grande do Sul. Ele reiterou a promessa de que não vai disputar a reeleição e trabalha para fazer do atual vice-governador, Ranolfo Vieira Júnior, recém-chegado ao PSDB, candidato de uma ampla aliança capitaneada pelos tucanos.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista:
A disputa interna do PSDB foi bastante dura, o senhor tem alguma pretensão de deixar o partido?
Me submeti às prévias do partido, sou filiado ao PSDB há 20 anos, nunca tive outro partido e pretendo continuar no PSDB. Respeito a decisão que foi tomada pelo partido nas suas diversas instâncias. Eu me apresentei como uma alternativa, tivemos 45% dos votos mesmo enfrentando uma máquina e uma estrutura muito forte. Eu não me vejo saindo do PSDB.
Como o senhor pretende contribuir para a campanha nacional tucana com Doria candidato?
Essa campanha das prévias demonstrou que temos estilos e métodos diferentes, mesmo assim estamos no mesmo partido político. Tanto quanto eu puder ser útil dentro de um processo que ajude a construir uma alternativa pelo PSDB, eu estou à disposição para ajudar. E antes mesmo do PSDB vem o Brasil, acima de tudo vem o Brasil. Então, a minha postura sempre foi estar aberto para negociar com os demais partidos políticos. Se houver alguém que melhor condições tiver de se viabilizar a uma alternativa a Lula e Bolsonaro, entendo que nós precisamos estar abertos a essa discussão. Espero que o João Doria tenha essa mesma disposição de dialogar, de buscar construir uma alternativa para o Brasil. E trabalho tanto quanto desejar e for possível para que ele, e o PSDB, seja a alternativa. Mas é importante estar aberto e discutir com outros partidos se houver alguma outra candidatura que melhor se viabilize nós temos que ter essa humildade de reconhecer. Acho que o PSDB é quem deve liderar o projeto de centro, mas temos que estar abertos para conversar com outros partidos de outras opções que surjam.
O vice-governador Ranolfo Vieira Júnior segue sendo o candidato a representar o governo ou o partido pode abrir mão da cabeça de chapa em prol de algum candidato de outro partido que representa o governo?
Isso é uma discussão que a gente pretende aprofundar agora e que envolve os partidos aliados e que têm disposição de seguir conjuntamente conosco no processo local, e também unidade no projeto nacional, não necessariamente no mesmo projeto, mas com afinidade de visão para o País. Pretendo, nas próximas semanas, começar a promover esses encontros que nos ajudem a discutir entre os partidos políticos caminhos, alternativas. O Ranolfo é, sem dúvida nenhuma, um quadro qualificado, tem todas as condições de representar o nosso projeto, mas não se impõe automaticamente como nome. Isso deve ser validado e conquistado junto aos partidos que compõem a nossa base.
O Progressistas foi um partido basilar no seu governo tendo inclusive o líder do governo na Assembleia. E é um partido que tem como candidato o senador Luiz Carlos Heinze, extremamente alinhado ao presidente Jair Bolsonaro. Como o senhor vê a postura que o PSDB deve adotar dentro estados, especialmente no Rio Grande do Sul, em relação ao governo Bolsonaro e a candidatos bolsonaristas? O senhor subiria em um palanque bolsonarista?
Eu tenho os Progressistas como parceiros importantes do nosso governo, eles têm nos ajudado desde o início do mandato em pautas importantes na Assembleia Legislativa. Os quadros dos Progressistas no governo dão colaborações importantes. Agora, de fato, o projeto que o partido, neste momento, está apresentando para o ano que vem tem uma divergência profunda de visão de caminho para o País. Não há, no que eu projeto para o futuro, qualquer possibilidade de estarmos associados ao projeto nacional do presidente Bolsonaro.