Na reta final do segundo turno, os presidenciáveis transformaram a audiência dos podcasts dos quais participam em demonstração de força eleitoral. Os candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disputam quem leva mais público aos programas, mobilizando seguidores com esse objetivo e fazendo provocações um ao outro nas redes sociais.

Apenas nesta semana, dois recordes de espectadores foram quebrados. Primeiro, pelo candidato do PT, cuja entrevista ao Flow Podcast foi vista simultaneamente por mais de um milhão de pessoas (alcançando 1.087.731 de visualizações simultâneas). Depois, pelo presidente, que atraiu cerca de 1,6 milhão de visitas simultâneas ao podcast Inteligência Ltda, com pico de 1,7 milhão. O número de visualizações é questionado por petistas nas redes; eles alegam, sem provas, que apoiadores do presidente usaram perfis falsos para inflar os números.

O petista fez ampla divulgação no Twitter dias antes de sua participação; sua intenção era bater a audiência de Bolsonaro no mesmo programa, que foi de 550 mil, em agosto. Antes, o recorde era de Lula, com 290 mil espectadores no PodPah, em 2021. Ou seja, ambos os presidenciáveis se alternam na disputa de quem leva mais público a um podcast.

Nesta quinta-feira, 20, após bater o recorde de Lula, o presidente Bolsonaro publicou um vídeo provocando o rival nas redes sociais. A publicação reforça o papel dos podcasts como demonstração de força. Lula e Bolsonaro aparecem com distância apertada nas principais pesquisas de intenção de voto para o segundo turno, e recorrem ao engajamento nesses programas para mostrar popularidade.

A audiência do Inteligência Ltda. também foi comemorada por aliados do presidente. O deputado federal eleito Nikolas Ferreira (PL-MG) comentou “chorem!” em uma publicação que informava o número recorde de espectadores da entrevista. Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) também fizeram postagens celebrando o sucesso de público.

Porém, o formato “livre” desse tipo de programa dá margem para que os presidenciáveis cometam deslizes que podem pesar em suas campanhas. Foi em um podcast, no dia 14 de outubro, que Bolsonaro deu uma declaração que acabou inspirando acusações de pedofilia. O presidente afirmou que viu meninas de 14 anos “arrumadinhas” na comunidade de São Sebastião, no Distrito Federal, e “pintou um clima”. O assunto gerou mais de 1,8 milhão de publicações nas redes, e a campanha do chefe do Executivo teve de gastar mais de R$ 140 mil em um único dia com propagandas para tentar reverter o dano à sua imagem. Bolsonaro gravou um vídeo pedindo desculpas pela frase.