O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu exonerar o secretário executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ricardo Nigri, e nomeou o ex-interventor da Segurança Pública no Distrito Federal e então número dois do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, para assumir interinamente o cargo de ministro da pasta, uma vez vagos os dois principais postos da área.

A decisão foi tomada pouco mais de uma hora depois de o ex-ministro titular da pasta, general Gonçalves Dias, pedir demissão do cargo nesta quarta-feira, 19, após serem divulgadas imagens do circuito interno do Palácio do Planalto em que ele aparece escoltando invasores do prédio na tentativa de golpe ocorrida no dia 8 de janeiro.

Na prática, Cappelli será nomeado secretário-executivo, mas despachará como ministro já que os dois cargos estão vagos. O anúncio da substituição foi feito pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta (PT). “Ele (Cappelli) permanecerá interinamente à frente do GSI enquanto o presidente e a assessoria definem uma estratégia, uma posição definitiva, sobre o futuro do GSI”, afirmou o ministro.

Lula embarca rumo a Portugal e Espanha na próxima quinta-feira 20, e não quer deixar uma das principais pastas do governo sem chefia. O GSI atualmente mantém a função de fazer a segurança dos prédios da Presidência, como o Planalto e o Palácio da Alvorada, onde Lula mora.

O governo descarta, por ora, extinguir a pasta do GSI. O Gabinete já parte das funções esvaziadas e transferidas para outras estruturas do governo, como a Casa Civil, que desde março tem a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sob seu guarda-chuva.

Durante o anúncio, Pimenta exaltou o papel de Cappelli durante a crise de segurança pública no DF na esteira dos ataques golpistas às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro. O então secretário executivo garantiu no dia seguinte ao atentado a remoção do acampamento de apoiadores do ex-presidente Jair Boslonaro (PL) montado em frente ao Quartel General do Exército e que serviu como ponto de concentração após a invasão.

A nomeação de Cappelli como interventor foi uma estratégia do Planalto para evitar a decretação de uma Operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que daria superpoderes às Forças Armadas na administração pública da capital do País.

Mais cedo nesta quarta, Cappelli questionou o vazamento das imagens do circuito interno do Planalto em sua conta no Twitter. O agora ministro interino do GSI escreveu que o “fascismo tenta confundir e dividir” “Buscam fraudar a história. Unir nossa tropa e marchar pela democracia. Vamos reconstruir o Brasil”, afirmou antes de assumir o cargo no círculo de ministros mais próximo de Lula.