O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficou em silêncio diante do atentado a faca em uma escola pública do zona oeste de São Paulo, que culminou na morte de uma professor e deixou ao menos outras quatro pessoas feridas. Durante todo o dia desta segunda-feira, 27, quando as atenções se voltaram integralmente para a cobertura do ataque, o presidente se manteve distante do evento e sequer emitiu uma nota de condolências à família da vítima. A assessoria de imprensa presidencial, tampouco, preparou um comunicado de solidariedade aos alunos e funcionários da escola.

Lula passou o dia no Palácio do Alvorada, sem agenda oficial, para se recuperar de uma broncopneumonia. A doença acometeu o presidente e o forçou até mesmo a cancelar a viagem oficial à China marcada para ocorrer no último sábado, 25. As recomendações médicas cobram repouso do presidente, mas na manhã desta segunda ele despachou da residência oficial da Presidência com os ministros Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, e Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação Social (Secom). No encontro, no entanto, não houve orientação sobre a redação de uma nota de pesar à professora vítima do atentado.

Durante todo o dia as redes do governo federal, da Secom e do Palácio do Planalto foram alimentadas com informações institucionais de programa da gestão Lula, mas não houve nenhuma publicação de pesar sobre o ocorrido em São Paulo.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), teve uma crise renal nesta segunda, em meio a uma viagem de negócios em Londres, mas garantiu que sua equipe publicasse uma nota de condolências em sua página oficial do Twitter logo após a divulgação do atentado.

Com o presidente em silêncio, o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), também usou as redes sociais para se solidarizar com as vítimas e sobreviventes do ataques. Na publicação, Camilo colou a estrutura do MEC à disposição do governo de São Paulo para prestar a ajuda a necessária.

“Acompanho com consternação o episódio de violência ocorrido na Escola Estadual Thomazia Montoro, na cidade de São Paulo. Manifesto minha solidariedade aos familiares e amigos dos professores e estudantes feridos no ataque”, escreveu Camilo em sua conta oficial no Twitter.

A falta de solidariedade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante as enchentes em Minas Gerais e na Bahia no início do ano passada marcaram negativamente a reta final de seu governo. Em meio à tragédia, o então chefe do Executivo federal pousou para fotos com apoiadores e andou de jet ski desfrutando de suas férias em Santa Catarina.

Bolsonaro, no entanto, se manifestou quando ocorreu o massacre na escola pública de Suzano, também em São Paulo, em 2019. O caso é semelhante ao de hoje, pois, além de envolve atentados a escola, ocorreu no mês de março e após a troca de comando no Executivo federal. Na ocasião, Bolsonaro classificou o ataque como “barbaridade” e disse “não entender” como esse tipo de crime acontece.