27/11/2020 - 18:09
Diagnosticado com covid-19 em 20 de outubro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, livrou-se do vírus no último dia 4, mas, um mês após começar o tratamento, ainda sente os efeitos da doença. Mesmo assim, retomou a rotina de trabalho e, ao longo desta sexta-feira, 27, participou de mais de sete reuniões.
Pazuello reclama de cansaço, dores no corpo e inchaço. Nas conversas com amigos, ele se queixa de dificuldades para realizar atividades cotidianas, como subir escadas. Apesar de o governo defender o uso de medicamentos sem eficácia comprovada para combater o coronavírus, como a hidroxicloroquina, o ministro também recorreu a antibiótico, corticoide e anticoagulante, além de soro para hidratação.
Ao participar da primeira cerimônia após voltar ao trabalho, no último dia 11, Pazuello admitiu a gravidade da doença. “Não estou completamente recuperado, é claro. É uma doença complicada. É difícil você voltar ao normal, mas a gente já consegue trabalhar um pouquinho. É o primeiro dia de atividade no trabalho”, disse o ministro, que é general do Exército, em cerimônia na Saúde.
No dia anterior, o presidente Jair Bolsonaro havia minimizado a pandemia. Afirmara que o Brasil precisava deixar de ser “um País de maricas” e enfrentar a doença. “Tudo agora é pandemia, tem que acabar com esse negócio, pô! Lamento os mortos, lamento. Todos nós vamos morrer um dia, aqui todo mundo vai morrer. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. Tem que deixar de ser um País de maricas. Olha que prato cheio para a imprensa, para a urubuzada que está ali atrás”, protestou Bolsonaro, em cerimônia no Palácio do Planalto, apontando para o local reservado aos jornalistas.
Dois dias após o diagnóstico, o próprio Pazuello chegou a falar que estava “zero bala”, depois de tomar o “kit completo” contra a covid-19, que inclui medicamentos sem eficácia comprovada para a doença, como a hidroxicloroquina. A declaração foi dada em transmissão ao vivo nas redes sociais, ao lado de Bolsonaro. No vídeo, o presidente afirmou que Pazuello era “mais um caso concreto” de que o uso destes medicamentos “deu certo”.
Embora tenha indicado que estava recuperado, Pazuello foi internado em 30 de outubro, no DF Star, um dos mais conceituados hospitais de Brasília, com quadro de desidratação. No dia 1º de novembro, passou a se tratar no Hospital das Forças Armadas (HFA). Recebeu alta no dia 3 e, logo em seguida, sua equipe informou que o vírus não estava mais ativo. Procurado novamente ontem, o Ministério não se pronunciou sobre a saúde de Pazuello. Até agora, 13 ministros de Bolsonaro já contraíram covid-19.
Osmar Terra continua internado
Já o ex-ministro da Cidadania e atual deputado federal, Osmar Terra (MDB-RS) foi internado no domingo, 22, no Hospital São Lucas da PUC do Rio Grande do Sul (HSL-PUCRS), em Porto Alegre. Terra é negacionista e sempre minimizou a gravidade da pandemia e as consequências positivas do isolamento social.
Nas redes sociais, o deputado disse que faria “exames de avaliação e fisioterapia complementar no tratamento da covid”. O objetivo da internação, segundo ele, era “acelerar volta ao trabalho o mais breve possível”. Nove dias antes, Terra havia anunciado a infecção por coronavírus, afirmando que tomou hidroxicloroquina e ivermectina, medicamentos sem eficácia comprovada, mas indicados pelo governo Bolsonaro.
Boletim hospitalar da manhã desta sexta-feira, 27, informa que Terra continua internado, “apresenta boa melhora no quadro geral, encontra-se estável e com bom padrão respiratório.”