As Melhores da Dinheiro Rural – 2021
COOPERATIVAS AGRÍCOLAS

Divanir Higino
Empresa: Cocamar
Cargo: Presidente-executivo
Destaques da gestão: Aumento do faturamento acima da previsão, investimentos em infraestrutura e expansão das atividades da cooperativa (Crédito:Divulgação)

Em um período de incertezas como o que o mundo está vivendo desde o início da pandemia de Covid-19, no começo do ano passado, os trabalhadores brasileiros perceberam de forma ainda mais clara a importância da união e encontraram no cooperativismo o espaço necessário para ganhar força e superar as adversidades. Dados do Anuário do Cooperativismo Brasileiro mostram que o número de cooperados, considerando todas as categorias, passou de 15,5 milhões em 2019 para 17,2 milhões em 2021. No agronegócio, essa relação é antiga e primordial: as cooperativas têm um papel importante em áreas como o beneficiamento de matérias-primas, comercialização de produtos, fornecimento de equipamentos e insumos, capacitação técnica e, nos últimos anos, no processo de digitalização, principalmente de pequenos e médios produtores. Tanto que são 1.173 cooperativas do agro, mais do que em qualquer outro setor.

Esse interesse crescente tem se traduzido também em retorno financeiro. E a Cocamar Cooperativa Agroindustrial, fundada em 1963, na cidade de Maringá, no Paraná, vem apresentando resultados recordes. No balanço final, o ano de 2020 foi o melhor da história da cooperativa. O faturamento foi de R$ 7 bilhões, crescimento de 52% em relação aos R$ 4,6 bilhões em 2019 e acima da previsão original, de R$ 6 bilhões. E 2021 continua em ritmo acelerado. “Mudou o calendário, mas não paramos. A seca e as geadas criam um tropeço, mas vamos passar por cima”, disse o presidente-executivo, Divanir Higino. O bom desempenho foi um dos motivos que fizeram a Cocamar ser eleita vitoriosa da categoria cooperativas no anuário AS MELHORES DA DINHEIRO 2021.

A escolha da cooperativa também está relacionada a seu protagonismo na região em que atua. “Cerca de 80% dos produtores do Paraná têm uma área menor do que 20 alqueires de terra. Não são grandes latifundiários”, afirmou Higino. Um alqueire equivale a 2,4 hectares. Ou seja, a maioria dos produtores trabalha em até 48 hectares. Para efeito de comparação, o tamanho médio das propriedades rurais no Mato Grosso é de 463 hectares, segundo dados do Censo Agro-pecuário de 2017. “Eles precisam se sentir fortes estando em sociedade, e o cooperativismo é a grande referência”, disse. Hoje, a estrutura do grupo contempla 97 unidades operacionais e 16 mil cooperados, distribuídos não apenas pelo Paraná, mas também por São Paulo e Mato Grosso do Sul, que produzem soja, milho, trigo, café e laranja, além da pecuária.

À parte da necessidade de adaptar o modelo de trabalho no meio da pandemia, um processo que Higino comparou com a troca de um pneu com o carro em movimento, o ano de 2020 marcou o fim de um ciclo estratégico para a cooperativa que teve início em 2015. Nesse período, foram feitos investimentos para ampliar a capacidade produtiva e a infraestrutura. A Cocamar inaugurou uma indústria de rações e outra de fertilizantes foliares. Ingressou na pecuária de corte com o programa de produção de carne precoce, em parceria com o frigorífico Argus, de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba. E ampliou sua operação industrial, que agora tem capacidade para processar 1 milhão de toneladas de soja.

Os investimentos em infraestrutura são acompanhados por iniciativas alinhadas às boas práticas ESG (ambiental, social e governança). Em 2013, por exemplo, a Cocamar mudou seu modelo de gestão, colocando apenas produtores no Conselho de Administração estratégica. “Ainda trouxemos para dentro de casa muita assessoria, gestão de compliance. Derrubamos nossos índices de acidentes”, disse Higino. A atuação da cooperativa também contempla a introdução de boas práticas agrícolas entre seus cooperados, por meio da capacitação técnica. Além disso, tem um papel importante na disseminação do programa de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). O modelo foi implementado pela primeira vez em 1996, quando ainda era pouco discutido. Hoje, já são mais de 200 mil hectares de formatos integrados nas regiões em que atua.

As diretrizes de seu novo ciclo estratégico já foram traçadas. Até 2025, a Cocamar quer continuar crescendo em ritmo acelerado e em novas frentes. Exemplo é a usina de biodiesel em construção no parque industrial em Maringá. A entrega da unidade está prevista para janeiro de 2022. Outras melhorias em unidades estão previstas, a um custo total de R$ 1 bilhão. “Nossos pilares continuam os mesmos. Crescer para ocupar um território e atender os cooperados, valorizando os colaboradores e fortalecendo os produtores”, disse Higino.