Logística e abertura comercial seriam os principais gargalos do segmento de proteína no agronegócio brasileiro, avalia Edison Ticle, CFO da Minerva Foods, um dos maiores frigoríficos do país. “Nosso Mapa [Ministério da Agricultura e Pecuária] deveria ter o mesmo status que o Ministério do Petróleo tem na Arábia Saudita. Somos os mais competitivos disparados no mundo, não só em pecuária, mas no agro em geral”, diz. Para o executivo, o Ministério de Relações Exteriores deveria atuar mais na abertura de mercado.

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Em participação de painel sobre Proteínas no Agro Summit, evento promovido pelo Bradesco BBI, Ticle aponta que resolver o gargalo logístico, principalmente em relação aos portos, vai ajudar o país a ser um exportador ainda maior. “Ser um bom produtor e um bom exportador de commodities pode gerara até mais valor do que exportar produtos industrializados. Commodity não pode ser um palavrão, temos que valorizar”.

Ticle e os companheiros do painel, José Carlos Garrote, Fundador e Presidente do Conselho da São Salvador, e
João Campos, CEO da Seara, reforçam os gargalos apontados pelo CFO da Minerva. Mas destacam as vantagens competitivas do país no setor.

“A diversificação de mercados ajuda muito o Brasil; é um dos principais aliados que os países podem ter”, disse João Campos, da Seara. Campos ressaltou o modelo único do país de integração do frango e do suíno, que proporciona uma vantagem competitiva “enorme”. “Assim conseguimos um controle total da nossa cadeia”.

O executivo aponta que a exportação de aves nos Estados Unidos caiu 15%, uma vez que aumentou o consumo interno. “E o Brasil entra nesse espaço. Temos qualidade, custo, rastreabilidade. Nosso desafio é continuar agregando valor nos produtos que mandamos para fora”, diz.

Já Garrote, da São Salvador, lembra que o frango é uma proteina que não tem restrição cultural, e foca na segurança sanitária do produto brasileiro. “Estamos no melhor lugar do mundo para produzir frango, pois temos o melhor status sanitário do mundo, com qualidade e sustentabilidade. O agricultor brasileiro faz seu papel, tem consciência, tem um frango saudável, com custo competitivo”, afirma.

Mercados consumidores

Edson Ticle, da Minerva, conta que a empresa tem investido em ampliação de plantas no Brasil e no Uruguai, o que impactou em aumento de 50% da produção brasileira, por exemplo. Os investimentos têm como estratégia atender ao aumento da demanda por proteínas no mundo, principalmente no mercado asiático.

“A América do Sul é imbatível no custo de produção de gado. E esse aumento da demanda é ma situação que acreditamos que não vá se alterar ao longo dos anos, então faz sentido ter uma plataforma maior aqui na região que representa 40% do market share do mercado mundial.”

Ticle diz que o aumento da demanda vem principalmente de países emergentes, em que se observa uma proporcionalidade no aumento da renda e aumento do consumo de proteína que não se vê em países de renda mais alta. Ele destaca o México, além de Japão, Coreia do Sul e Indonésia, segundo ele, o maior mercado Halal do mundo.

“A oferta de carne bovina tem total capacidade para crescer no Brasil e na América do Sul. É a única região que é capaz de atender a esses novos mercados. Para pecuária, precisamos de terra, mão de obra e água, o que temos abundante no Brasil. “Vamos nos consolidar como principais exportadores e será nosso principal driver a exportação pra consolidar nossos negócios.”