06/01/2015 - 11:35
Até bem pouco tempo atrás, a exploração de recursos naturais era sinônimo de degradação, praticada por agentes irresponsáveis e condenada por dez entre dez ambientalistas. No entanto, graças a mudanças profundas nos níveis de consciência da opinião pública, o uso sustentável do meio ambiente tem se tornado uma exigência da sociedade e dos governos. Entre os promotores desse novo tempo, destacam-se organizações sem fins lucrativos, que capacitam moradores das comunidades no entorno de florestas para estabelecerem uma relação financeiramente rentável e de conservação com o seu meio de subsistência. Essas iniciativas representariam muito pouco diante do poder de destruição, caso não houvesse empresas que seguissemos mesmos preceitos e se comprometessem com a causa da sustentabilidade. É o caso da Arauco do Brasil, subsidiária do grupo chileno Arauco, uma das maiores potências florestais do Hemisfério Sul. A empresa possui um patrimônio florestal de 1,6 milhão de hectares em quatro países: Brasil, Chile, Uruguai e Argentina. Apenas em solo brasileiro, a sua cobertura vegetal alcança aproximadamente 145 mil hectares, sendo que, desse total, cerca de 63 mil hectares são de mata nativa.
O objetivo de ter uma reserva dessas dimensões é assegurar a autossuficiência em madeira proveniente de fontes renováveis, a matéria-prima para a fabricação de painéis em MDF, um produto amplamente utilizado pela indústria de móveis. A Arauco, comandada no País pelo CEO Pablo Franzini, produz mais de 1,3 milhão de metros cúbicos desses painéis por ano, além de fabricar seis milhões de metros cúbicos de pisos laminados.
Campeã no setor Reflorestamento do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO RURAL 2014, a companhia teve um faturamento bruto de US$ 5,14 bilhões, no ano passado, um aumento de 19,7% em relação a
2012. O avanço das receitas é explicado pelo maior volume vendido e pela alta dos preços de celulose no mercado – a venda de papel representa 40,7% do portfólio da companhia. Com isso, o lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (medido pelo Ebitda) foi de US$ 1,14 bilhão, cerca de um terço a mais do que o obtido em 2012. A dívida financeira da companhia cresceu 1,3% para US$ 5,02 bilhões, mas em sua maior parte é de longo prazo.
Nos últimos anos, a indústria florestal brasileira tem sido alavancada pelo crescimento das classes C e D, que estão adquirindo mais residências e móveis, obrigando o setor a investir no aumento da capacidade instalada. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (Abipa), entre 2010 e 2014, estavam previstos investimentos de US$ 1,2 bilhão para instalação de novas unidades industriais, que irão proporcionar um aumento de 20% da capacidade instalada, ao passar de 9,1 milhões de metros cúbicos para aproximadamente 10,9 milhões de metros cúbicos anuais, a partir do fim deste ano. Atualmente, existem no Brasil 800 mil hectares de florestas plantadas de pinus e de eucalipto, usados, em geral, para substituir a madeira de lei. O eucalipto é mais indicado para fazer vigas, caibos e peças estruturais, enquanto o pinus é largamente utilizado para tábuas, deques, telhas, forros e assoalhos. As reservas naturais brasileiras somam 260 mil hectares de preservação permanente e a indústria emprega direta e indiretamente 30 mil pessoas.