02/04/2024 - 19:58
Líderes do AGRO 2024
Por Celso Masson
A receita líquida de R$ 35,6 bilhões no terceiro trimestre de 2023 é apenas uma das dimensões que revelam o gigantismo da Marfrig. Maior fabricante mundial de hambúrgueres, ela emprega mais de 30 mil colaboradores em 31 unidades produtivas nas Américas do Sul e do Norte. Reconhecida pela qualidade de seus produtos, ela é também um modelo de excelência por sua atuação sustentável, com projetos pioneiros para a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais – um compromisso que tem dado à companhia posições de destaque no setor em que atua. A mais recente prova disso foi o resultado obtido na edição de 2023 do Forest 500, ranking global de combate ao desmatamento. A lista, divulgada no final de fevereiro, analisa dados de 350 empresas e de 150 instituições financeiras que atuam em cadeias de abastecimento com risco de desmatamento, caso do couro, óleo de palma, soja, gado, madeira, papel e celulose.
Para compor a lista, anualmente a organização ambiental britânica Global Canopy verifica se as companhias abordam os riscos de desmatamento por meio de suas políticas, compromissos assumidos e medidas contra o desmatamento. A Marfrig foi a única companhia que avançou 10 pontos percentuais nos últimos dois ciclos da lista e obteve a melhor avaliação na commodity proteína bovina, com 16 pontos percentuais acima do segundo colocado. Parte desse resultado se deve a iniciativas como o novo ciclo do Programa Verde+, anunciado durante a COP 28, no qual a empresa investirá R$ 100 milhões em frentes como restauração ecológica, agropecuária regenerativa e melhoria genética do rebanho.
Só pelas atividades que exerce à frente dessa companhia, seu fundador, Marcos Molina, merece um lugar de destaque como líder do agronegócio brasileiro. Porém, a Marfrig não é a única companhia à qual ele se dedica. Em setembro do ano passado, o empresário elevou para 40,9% sua participação o controle acionário da BRF, que tem no portfólio marcas como Sadia, Perdigão e Qualy, entre outras.
Em entrevista exclusiva à DINHEIRO RURAL, Molina elencou as principais realizações das duas empresas e a forma como se complementam. “Marfrig e BRF estão orientadas a operarem de forma cada vez mais eficiente, rentável e sustentável, promovendo geração de valor para todos os nossos parceiros”, afirmou. “Cada um dos negócios tem suas características específicas, mas podemos afirmar que todos eles estão caminhando nessa mesma direção”.
“Marfrig e BRF estão orientadas a operarem de forma cada vez mais eficiente, rentável e sustentável, promovendo geração de valor para todos os nossos parceiros”
Como gestor, ele tem reforçado o foco estratégico da Marfrig em produtos de maior valor agregado, em linha com os investimentos realizados na BRF. “Concentramos nossos recursos nos complexos industriais com maior escala, eficiência e custo competitivo que estão interligados às plantas de processados e produtoras de marcas líderes”, disse Molina.
Com esse movimento, as duas companhias reforçam sua presença global com um portfólio multiproteína completo, chegando a mais de 140 países com marcas fortes e reconhecidas pela qualidade. Segundo Molina, é importante pontuar que Marfrig e BRF são operações independentes que têm buscado compartilhamento de melhores práticas entre si. “O objetivo é sempre buscar os melhores padrões e otimizar a operação. Além disso, as empresas têm buscado oportunidades que gerem valor para ambas.”
Em 2023, BRF e Marfrig fizeram dois dos maiores aumentos de capital do mercado brasileiro, totalizando mais de R$ 7,5 bilhões.
• A BRF captou R$ 5,4 bilhões no follow-on liderado pela Marfrig e pela Salic, um dos maiores fundos soberanos do mundo.
• Esse movimento permitiu uma melhora significativa da alavancagem da companhia, ao mesmo tempo em que atraímos um investidor estratégico, com visão de longo prazo muito similar à nossa.
• Com o balanço consolidado, a estrutura de capital da Marfrig passou a ser uma das melhores da indústria.
• Esse mesmo foco em eficiência foi levado para a BRF por meio do programa BRF+.
• A iniciativa impulsionou a empresa a atingir níveis históricos de performance em muitos dos indicadores definidos como prioritários e estabeleceu um novo patamar de eficiência para 2024.
• Somente no terceiro trimestre de 2023, a companhia capturou R$ 677 milhões, superando a meta estabelecida para o período.
As melhorias operacionais obtidas por este modelo de gestão permitiram que ambas as empresas terminassem o terceiro trimestre de 2023 com indicadores positivos de geração de caixa. “Ao mesmo tempo, investimos no resgate de grandes campanhas das marcas de consumo da BRF, valorizando ainda mais esses ativos. Estamos colhendo os resultados de um trabalho com foco em disciplina e, principalmente, excelência na execução”, afirmou o executivo.
2024
Para este ano, as perspectivas são positivas.
• No mercado interno, o consumo de carne bovina cresceu mais de 10% em 2023 em comparação a 2022. “Acreditamos que a tendência de crescimento deverá permanecer em 2024. Além disso, o nosso time tem trabalhado na abertura de novos mercados, bem como potencializando a nossa atuação em mercados importantes como Estados Unidos, por meio dos canais de vendas da National Beef, México, Singapura, Malásia entre outros”, afirmou. “Para as proteínas de frango e suínos, esperamos a evolução contínua nos preços dos produtos in natura no mercado interno, e uma melhora cada vez mais acentuada em processados, categoria onde a BRF é líder no Brasil”. Ainda no mercado interno, a expectativa para a carne de frango é de aumento no consumo per capita com melhora de preços, o que se apresenta como uma excelente oportunidade para uma empresa com marcas preferidas e uma base de mais de 290 mil clientes.
• Segundo Molina, as exportações também sinalizam potencial de crescimento, tanto para frango quanto para suínos, com retomada da demanda e melhora no preço. Na ponta dos custos, o ciclo do gado permanece positivo, o que deverá favorecer a disponibilidade de animais para o abate. “Observamos também queda no custo médio dos grãos, evidenciada nos três primeiros trimestres de 2023, e esse movimento deve beneficiar, sobretudo, a operação de BRF”, disse.
Esse otimismo poderia ser frustrado caso BRF e Marfrig não tivessem investido em sustentabilidade como parte da sua estratégia de negócio e uma governança sólida sobre o tema, com comitês dedicados em ambas as empresas com a participação de membros do conselho e membros independentes. “As duas companhias possuem modelos de gestão com foco nos pilares de redução de emissões, controle de origem, recursos naturais, bem-estar animal, economia circular e responsabilidade social”, afirmou Molina.
FOCO NA INCLUSÃO
Esse modelo de governança e gestão permitiu que as duas empresas estivessem listadas nos principais índices da B3, o ISE e o ICO2, além de obter destaques nos principais rankings e índices globais de sustentabilidade. A Marfrig acaba de receber a nota máxima (classificação A) para mudanças climáticas na avaliação do CDP (Carbon Disclosure Project, que inclui apenas 11 empresas brasileiras). “Isso é resultado do nosso forte compromisso e entregas efetivas em mais de três anos do Programa Verde+”, disse Molina.
“Seguiremos investindo nessa agenda com a expectativa de resultados consistentes, potencializando impactos positivos ao longo das nossas cadeias de valor com foco na inclusão produtiva, desenvolvimento socioeconômico e geração de valor compartilhado”.