02/12/2022 - 21:35
Integrante do grupo de transição na área do Meio Ambiente, a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) afirmou nesta sexta-feira, 2, que a situação deixada pelo governo Bolsonaro é de “extrema gravidade” no âmbito das políticas ambientais. Segundo ela, órgãos de gestão estão “completamente desestruturados” por falta de orçamento e equipes técnicas foram “desmontadas” na atual gestão.
“Quando você olha pro orçamento, você vê que os órgãos de gestão, como ICMBio e Ibama, estão completamente desestruturados por falta de orçamento, por falta das equipes técnicas que foram desmontadas e o assédio promovido por esse governo ao longo dos quatro anos”, disse Marina em entrevista à Globo News na noite desta sexta-feira, 2.
A ex-ministra do Meio Ambiente afirmou que o próximo titular da pasta deve ter como prioridade emergencial recompor as equipes dos órgãos com pessoas especializadas e retomar as ações de prevenção e controle do desmatamento.
“Você vai ter que recompor equipes, as equipes foram desestruturadas, substituídas por militares, pessoas que não entendem da agenda. Essas equipes precisarão ser reconstituídas com base em critérios de capacidade técnica, de gestão e liderança na agenda ambiental. Com esses orçamentos minimamente estabelecidos, priorizar ações emergenciais. A recuperação atualizada do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento é urgente. Ele foi abandonado”, criticou, ao reportar o cenário encontrado pelo grupo de transição na área do Meio Ambiente.
Ainda segundo Marina, o novo governo vai enfrentar um cenário mais complexo no combate ao desmatamento da Amazônia, devido ao avanço da ação de criminosos nos Estados que estão no perímetro da floresta.
“Esse agravamento tem a ver com atravessamento de tráfico de drogas, de armas, garimpo ilegal, exploração de madeira, grilagem e pesca ilegal. É muita coisa. Hoje nós temos 1264 pistas (de pouso para aeronaves) clandestinas a serviço dessas organizações criminosas. Você tem um descontrole tanto aéreo quanto terrestre quanto via meios fluviais de acesso aos territórios da Amazônia, com ameaça às populações locais. Além disso, você tem um processo de avanço nas terras públicas. a maior parte do desmatamento está se dando em terras públicas”, citou.
A ex-ministra também não descartou a possibilidade de revogaço, por parte do governo eleito, de medidas ambientais adotadas pela gestão Bolsonaro. Segundo Marina, há “muitas sugestões de revogaço” por parte da sociedade civil sendo estudadas pela equipe de transição.