A Rede Brasileira de Certificação, Pesquisa e Inovação (RBCIP), em parceria com a empresa Green World Energy Hydrogen (GWE), concluiu recentemente uma missão à China para acompanhar um Teste de Aceitação de Fábrica (FAT) de um eletrolisador de última geração, que será usado em uma usina de hidrogênio verde, instalada no campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

A fonte de energia renovável é obtida por meio de um processo químico conhecido como eletrólise, em que se utiliza a corrente elétrica de fonte renovável para separar o hidrogênio do oxigênio que existe na água.

O FAT, realizado em colaboração com os principais fabricantes chineses, validou o desempenho, a eficiência e a segurança do eletrolisador, garantindo sua prontidão para implantação no Brasil. A comitiva da RBCIP e da GWE também participou de reuniões estratégicas com empresas chinesas proeminentes nas tecnologias de produção de hidrogênio.

“Essas discussões fomentaram valiosa troca de conhecimentos e exploraram potenciais colaborações para acelerar a adoção de soluções de hidrogênio verde no Brasil”, explica Gustavo Sato, pesquisador em projetos de energia da RBCIP.

A missão também incluiu visitas a instalações de última geração, proporcionando insights em primeira mão sobre os avanços mais recentes na produção, armazenamento e distribuição de hidrogênio.

“Ao fomentar a colaboração entre as partes interessadas brasileiras e chinesas, visamos estabelecer um ecossistema robusto de hidrogênio verde que beneficiará ambos os países e contribuirá para os esforços globais de combate às mudanças climáticas”, pontua o professor e coordenador do projeto da RBCIP, Marcelo Fiche.

A usina de hidrogênio verde é fruto de um acordo de cooperação entre a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS), Rede Brasileira de Certificação Pesquisa e Inovação (RBCIP) e a empresa Green World Energy Hydrogen (GWE). O empreendimento deve movimentar R$ 2 bilhões até 2030. Na usina, também serão capacitados cerca de 500 especialistas, professores e engenheiros, por ano.

Hidrogênio verde no Brasil

A fonte de energia limpa e sustentável pode gerar um faturamento de R$ 150 bilhões por ano no Brasil até 2050, sendo que R$ 100 bilhões seriam provenientes das exportações da commodity, segundo a pesquisa Green Hydrogen Opportunity in Brazil (Oportunidade de Hidrogênio Verde no Brasil, em português).

Um estudo internacional, feito pela consultoria alemã Roland Berger, aponta que o Brasil tem potencial para se tornar o maior produtor mundial em hidrogênio verde. O país tem 87% da sua matriz energética oriunda de fontes renováveis como hidrelétricas, painéis solares e eólicas. Apesar disso, o Brasil ainda possui grande capacidade de expansão dessas fontes.

Produção mundial

Um estudo da Deloitte Brasil aponta que o comércio global de hidrogênio pode gerar mais de US$ 280 bilhões em receitas anuais de exportação até 2050. Em relação aos investimentos, mais de US$ 9 trilhões deverão ser injetados na cadeia global de abastecimento de hidrogênio limpo para ajudar no alcance do net zero até 2050. Desse total, cerca de US$ 3 trilhões serão investidos em economias em desenvolvimento.