05/04/2022 - 7:01
Uma das cientistas mais premiadas do País, a pesquisadora brasileira e professora emérita da Universidade de São Paulo (USP) Angelita Habr-Gama foi reconhecida pela Universidade de Stanford (EUA) como uma das médicas que mais contribuíram para o desenvolvimento da Ciência no mundo.
A universidade americana, em parceria com a Editora Elsevier BV, divulgou recentemente uma atualização da lista que representa os 2% de cientistas mais citados em várias disciplinas. O relatório foi preparado por uma equipe de especialistas liderada pelo professor John Ioannidis, professor eminente da Universidade de Stanford.
“Esse reconhecimento é um estímulo para os médicos e cientistas brasileiros, um estímulo para progressão na carreira de outras pesquisadoras”, diz Angelita ao Estadão. Segundo ela, a expectativa é de que reconhecimentos como esses sirvam de inspiração para outros cientistas trilhem caminhos parecidos, o que não é fácil.
“É claro que tudo isso exigiu muito esforço, muito estudo e muita dedicação, mas a gente chega lá”, diz a médica, que atualmente também atua no Hospital Alemão Oswaldo Cruz. “Fico muito honrada e muito satisfeita com o reconhecimento”, complementa.
Com relevantes trabalhos na área da Coloproctologia, área que estuda doenças do intestino grosso, do reto e do ânus, Angelita foi a primeira mulher residente em cirurgia geral no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP). Pioneira, criou a disciplina de Coloproctologia na mesma instituição e foi a primeira a chefiar o departamento de Gastroenterologia da Faculdade de Medicina da USP.
CÂNCER
A cirurgiã é reconhecida por alterar o paradigma mundial adotado durante quase todo o século 20 quanto ao método para o tratamento do câncer do reto baixo. Com sua proposta, baseada em pesquisa clínica feita por ela e sua equipe, iniciada em 1981, firmou-se como atual paradigma que o tratamento do câncer do reto baixo deve ser inicialmente conduzido com quimioradioterapia, postergando-se a ressecção cirúrgica.
Entre os principais feitos, a cirurgiã publicou mais de 200 artigos científicos em revistas indexadas no PubMed, fundou a Associação Brasileira de Prevenção do Câncer de Intestino (Abrapreci) e foi nomeada coordenadora no Brasil do Programa de Prevenção do Câncer Colorretal pela Organização Mundial de Gastroenterologia (Omge).
Além disso, exerceu a presidência da Sociedade Brasileira e da Sociedade Latino-Americana de Coloproctologia e do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva. Foi também vice-presidente nacional do CBC, além de ter organizado e presidido o Fórum Internacional de Câncer do Reto, em novembro de 2007, em São Paulo.
Angelita é membro honorária da sociedade científica American Surgical Association e a primeira mulher a receber este título do American College of Surgeons. É reconhecida ainda por European Surgical Association, Italian Surgical Association, American Society of Colon and Rectal Surgeons e Royal College of Surgeons of England.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.